No século V a.c. surgiu na Grécia o culto a forma física perfeita sob o lema "mente saudável em corpo são". Hoje, de maneira semelhante, o Brasil reproduz uma cultura de beleza padronizada onde o corpo ideal é o magro, musculoso, e alinhado independente da estrutura corporal do indivíduo. Indubitavelmente, a forte e constante pressão midiática tem influenciado diretamente na construção dessa realidade que, ao contrário do objetivo grego, tem acarretado sérios problemas à saúde mental dos brasileiros.
A princípio, a ditadura da idealização de beleza imposta pela mídia dá lugar a diversas formas de preconceito. Nesse sentido, o artigo 3° da constituição brasileira - lei suprema de um estado - prevê que o governo deve garantir uma sociedade justa, solidária e livre de quaisquer manifestações de prejulgamento. Efetivamente, além de contrariar a carta magna, a perpetuação do padrão estético corporal motiva o episódio de outras afirmações de intolerância - a exemplo da gordofobia, e o discurso de ódio. Dessarte, enquanto o problema se mantiver, a nação conviverá com convicções hostis.
Além disso, outros fenômenos que tem crescido pela busca do modelo estético perfeito são os transtornos alimentares que surgem em decorrência dos problemas psicológicos. A esse respeito, a Organização Mundial da Saúde (OMS) garante que 4,7% dos brasileiros sofre alterações na alimentação, no entanto, na adolescência, esse índice chega a 10%. Fica claro, portanto, que a propagação do culto ao corpo não traz nenhum benefício para a humanidade, ao contrário, esse poderoso revés mostra o quão irracional é a atitude da população que afeta até mesmo os mais novos.
Logo, é evidente que há de se desconstruir a noção de padrão estético corporal no país. Para tanto, o governo em parceria com a mídia deve investir em campanhas publicitárias por meio de anúncios e peças nos meios de comunicação e fora deles, para que seja promovida a aceitação dos indivíduos em relação a si mesmos e aos outros. A partir dessa ação, será possível ter uma sociedade mais empática e as vítimas desse atual sistema não mais serão estigmatizados.