Manoel de Barros, poeta pós-modernista, desenvolveu em suas obras uma “Teologia do traste”, cujo objetivo consiste em dar visibilidade às situações frequentemente ignoradas ou esquecidas. De acordo com a teoria barrosiana, cabe valorizar também o cenário de pobreza e da insegurança alimentar, ainda que sejam desconsiderados pela sociedade. Nessa esteira, fica evidente que o cenário nefasto ocorre em razão não só da insuficiência estatal, mas também também do silenciamento midiático no Brasil.

Sob esse viés, percebe-se que o desleixo governamental intensifica a situação de miséria vivenciada no País. Conforme a Constituição Federal de 1988- jurisdição de maior influência e importância no país- em seu artigo 6, a assistência social é uma garantia de todo cidadão brasileiro. No entanto, ao analisar a realidade da população, identifica-se uma falha constitucional. Isso porque, ocorre a privação dos direitos sociais básicos e o Estado nada tem feito para remediar essa questão.

Ademais, é evidente que há uma falta de informações sobre a desigualdade social existente no país. Dessa forma, uma parcela da população vive com acesso a abundância em seus lares, enquanto a outra mantém-se em condições precárias. De acordo com a filósofa Hannah Arendt, o que explica esse fato é a banalização das ações hostis que ocorrem com constância na sociedade, uma vez que passam a ser vistas como normais. Assim, é indispensável que as mídias passem a abordar esse assunto diariamente, com o intuito de que a desigualdade social não seja considerada algo banal pelo corpo social.

Evidencia-se, portanto, a necessidade de intervenções com o fito de amenizar os problemas da fome e da miséria no Brasil. Logo, cabe ao Poder Público, com o intuito de sanar essas dificuldades, promover campanhas que ofereçam assistência social, por meio da entrega de cestas básicas de alimentação, material de limpeza e também de higiene pessoal. Essa ação deve ocorrer com o auxílio da escola-instituição de maior importância para a consciência coletiva e formação do senso crítico- que atuará como mediadora entre o Estado e a sociedade e, contará, ainda, com o apoio das mídias, por meio das campanhas educativas, com o intuito de informar e conscientizar a população. Por fim, conforme a teoria barrosiana, essas atitudes têm o intuito de valorizar as situações banalizadas pelos brasileiros.