Na obra “O cortiço”, do autor Aluísio Azevedo, é evidenciado as condições precárias de moradia dos que vivem na habitação coletiva e seus reflexos na realidade dos personagens. Fora da ficção, a situação presente na trama publicada no século XIX é presente na sociedade brasileira, devido a aspectos como a negligência estatal e a hierarquização econômica. Dessa maneira, há obstáculos para o fim da deficiência de construções decentes em território brasileiro, sendo fulcral a reflexão a respeito do assunto.

Sob esse viés, é relevante ressaltar que o descuido do Estado em garantir habitação adequada a todo cidadão leva a persistir esse cenário. De acordo com o 6º artigo da Constituição Federal de 1988, toda pessoa tem direito de acesso à moradia. Nessa perspectiva, porém, é notado que o governo ignora e não cumpre com o seu dever em assegurar moradias adequadas a todos, acarretando em uma parcela da população sobrevivendo em casas improvisadas nas favelas, sem água encanada, rede de esgoto ou até mesmo energia.

Ademais, a escassez de acesso a lares estáveis, por parte dos cidadãos, devido a desigualdade social é responsável por ainda existir déficit de moradias no contexto nacional. Segundo a Lei Áurea estabelecida pela princesa Isabel no fim da escravidão, em 1888, todos os escravos estavam libertos, no entanto, não houve nenhum tipo de indenização que conferisse moradia, o que os levou a se estabelecer em construções instáveis. Sob essa ótica, é observado que traços da má distribuição de recursos entre a população desde séculos passados somado ao elevado preço de imóveis e aluguéis contribuem para a continuidade da insegurança habitacional.

Portanto, diante do exposto, atitudes devem ser tomadas para sanar o descaso que a falta de habitação causa. A fim de que todos tenham acesso a moradia digna, é dever do Ministério das Cidades, por intermédio de verbas orçamentárias, divulgar mais amplamente e diminuir as barreiras burocráticas dos programas sociais como o “Minha Casa, Minha Vida” para tornar cada vez mais acessível obter o próprio lar, assim como garantir meios para se ter a quitação dos financiamentos oferecidos através da oferta de empregos. Dessa forma, haverá a ruptura da realidade vivida em “O cortiço”.