Na série mexicana "Control Z", após serem compartilhadas informações privadas de estudantes, uma sequência de preconceitos, conflitos e linchamentos virtuais ocorre. Tendo isso em vista, situações de violência e transtornos psicológicos apresentados pelas vítimas tornam-se cenários recorrentes. Fora da ficção, é fato que a diegese do passatempo apresenta semelhanças com a contemporaneidade brasileira, no que tange aos efeitos sociais da cultura do cancelamento. Com isso, a permanência dessa problemática se dá tanto pela necessidade incessável de ser perfeito, como também pela primordialidade de exibir-se nas mídias sociais. Dessa forma, nota-se a iminência de erradicar tal impasse.

Em primeiro lugar, a urgência de ser excelente em tudo é um grande obstáculo. Isso ocorre devido a pressão social exercida sobre a sociedade canarinha, a qual, em busca da aniquilação das críticas sobre si mesmo, julga o outro de forma intensa. Isto posto, de acordo com o jornal "O Globo", cerca de 60% dos responsáveis pelos cancelamentos nas redes sociais já foram vítimas do mesmo. Dessarte, percebe-se que, ao condenar o próximo, o corpo social contribui para o recesso do Brasil. Por conseguinte, um olhar mais crítico para esse apuro é fundamental para reverter a situação.

Ademais, tem-se que a exposição exacerbada gera satisfação no ser humano. Isso se dá porque chamar a atenção alheia se tornou algo essencial para uma vida plena, o que, de forma clara, está ligado ao que, na atualidade, é importante: ter tudo. Sendo assim, segundo Sigmund Freud- grande nome da psicanálise-, o ciclo exibicionista das pessoas inicia-se ao nascer. De modo semelhante, nota-se que a humanidade está aprisionada nesta adversidade. Logo, é explícito como a cultura do linchamento é mantida.

Infere-se, portanto, que soluções devem ser formuladas para mitigar esse problema. Por isso, cabe ao Tribunal de Contas da União -responsável pela fiscalização financeira do país- direcionar capital que, por intermédio do governo, será investido na propagação de ideais que menosprezem as ações de cancelamento, por meio de mídias sociais, como a televisão, por exemplo, a fim de que essa situação, ao alcançar mais indivíduos, seja solucionada.