"O amor por princípio, a ordem por base; o progresso por fim". Esse lema positivista, formulado pelo filósofo francês Auguste Comte, inspirou a frase política "Ordem e Progresso" exposta na célebre bandeira nacional. No entanto, o cenário desafiador vivenciado no Brasil representa uma antítese à máxima do símbolo pátrio, uma vez que os recorrentes casos de indivíduos que nunca tiveram a oportunidade de frequentar o cinema – grave problema a ser enfrentado pela sociedade – resulta em desordem e retrocesso do desenvolvimento social. Desse modo, não só a negligência do Estado, como também a falta de empatia – reflexo do individualismo – solidificam tal mazela.

A princípio, é interessante pontuar que a negligência do Estado é uma das causas do problema no país. De acordo com a Constituição Federal de 1988, o acesso à arte é um direito social. Nesse sentido, imagina-se que falta de democratização do cinema contraria tais direitos, pois afeta diretamente a população que enfrenta dificuldade para ter acesso ao espetáculo e sofrem com esse infeliz fato. No entanto, infelizmente, o Estado não atua em defesa do ponto de vista coletivo previsto constitucionalmente, já que grande parte da sociedade ainda sofre com essa disparidade. Esse sofrimento ocorre pela ineficiência do governo em facilitar o acesso para os indivíduos com baixa renda. Portanto, é inadmissível a omissão do governo em não defender as garantias básicas da população verde-amarela.

Ademais, a inércia estatal motiva a continuidade da problemática. Nesse sentido, Norberto Bobbio – expoente filósofo italiano – afirma que as autoridades devem não apenas ofertar os benefícios da lei, mas também garantir que a população usufrua deles na prática. Sob a lógica de Bobbio, a discussão acerca da democratização do acesso ao cinema no Brasil, embora seja relevante para a sociedade brasileira, não recebe a devida importância. Tal negligência prejudica diretamente a população, haja vista a enorme quantidade de indivíduos que jamais tiveram a oportunidade de vivenciar essa experiência. Desse modo, enquanto a omissão estatal for a regra, os brasileiros de regiões afastadas dos centros urbanos estarão fadados a conviver com inacesso ao cinema.

Para isso, o Ministério da Saúde e as escolas – responsáveis pela transformação social – devem contribuir para desenvolver a empatia dos indivíduos em relação aos impactos causados pela falta de democratização do cinema, por meio de projetos sociais, como ações comunitárias, a exemplo de oficinas de apoio para a população de baixa renda e com a presença de agentes de fiscalização, garantindo que os mesmos tenham a garantia de contemplar o espetáculo . Essa iniciativa terá a finalidade de mobilizar o Estado a conceder o acesso ao cinema para toda a população e de garantir que o conceito defendido por Bobbio seja, em breve, a realidade no Brasil

@eduznn, Excelente, parabéns

Você repete o conectivo no entanto e desse modo.