Resiliência trata-se de força para lidar com obstáculos e superar situações difíceis com louvor. A palavra em questão está muito presente na vida cotidiana de milhões de brasileiros, no entanto, ela é muito confundida com "conformismo", o que acaba se tornando um problema não apenas individual, como também da sociedade como um todo.
Na produção audiovisual brasileira "Que horas ela volta?", a trama gira em torno de uma empregada doméstica, interpretada por Regina Casé, que mora na casa dos próprios patrões, que impõem uma série de limites que a protagonista segue com cuidado e obediência. A persona se vê em um dilema quando precisa trazer sua filha, Jéssica, para morar com ela na casa em que trabalha em razão de um vestibular que a menina, muito estudiosa, precisa fazer. O problema se desenrola ao que sua filha, diferente da mãe, não se limita às "regras de empregada" e coloca suas necessidades e direito acima disso, o que por muitos foi interpretado como arrogância. Mas será que a admirada resiliência da protagonista não passa de aceitar o pouco lhe dado e se submeter a situações que desrespeitam seus direitos e vontades?
Sob essa ótica, nota-se o quanto o Brasil romantiza a miséria e desumanização, tratando como força situações difíceis que não deveriam ser experienciadas a ponto das pessoas normalizar como se não fosse uma lacuna no que rege seus direitos como humanos e cidadãos. A resiliência é imprescindível para gerar habilidades de adaptação em eventos estressantes que fazem parte do desenvolvimento, porém, existe uma linha tênue entre o que naturalmente faz parte da vida e o que não deveria fazer, bem como existe uma parede entre garra e conformismo.
Dado os tópicos, percebe-se a importância do Estado para mitigar esse problema e incompreensão que a sociedade enfrenta. Portanto, cabe a Mídia Nacional a criação de propagandas em todos os meios de comunicação do governo que visem a informação sobre os direitos básicos do brasileiro no ambiente de trabalho e vida cotidiana com acesso de qualidade no que é deles de lei. O Ministério da Educação também deve propor projetos de conscientização acerca do presente problema. Para a nação crescer, devemos usar a resiliência para lutar pelos nossos direitos, e não usá-la para aceitar as dificuldades geradas por um governo corrupto.