No documentário “Fake News: Baseado em fatos reais” dos jornalistas André Fran e Rodrigo Cebrian, são retratados os impactos da popularização das fake news no planeta e discutidos caminhos para combater as fake news no cenário brasileiro. Fora das telas, fica claro que a realidade apresentada no documentário pode ser relacionada àquela dos acontecimentos dos últimos séculos: o desenvolvimento das fake news ao longo da história do mundo e o impacto das fake news na política brasileira.
Em primeiro lugar, é importante destacar que a mentira sempre esteve presente na personalidade humana. No início do século XIX, em Roma, acontecia uma reunião para escolha do 218º papa do Vaticano. Um famoso escritor de textos eróticos, Pietro Aretino, fora contratado por um dos cardeais para atacar outros candidatos ao papado. Como era difícil fazê-lo publicamente, papéis contendo versos satíricos e textos difamatórios foram colocados em uma famosa estátua chamada de “O Pasquino”, na qual possuía buracos no lugar de braços e uma boca aberta, localizada perto do Vaticano, local de grande circulação de pessoas naquela época. Após esse fato histórico, surge a expressão “Pasquim” usada para caracterizar jornais e meios de comunicação que costumam contar inverdades. Assim, fica evidente que as fake news surgiram muito antes do próprio termo ser inventado e que até mesmo o Sagrado sofreu as consequências das mentiras inventadas.
Consequentemente, a evolução desse causo político da época trouxe um fatídico acontecimento na sociedade brasileira: a má influência gerada na política pelas fake news. No ano de 2017,o jornal americano New York Times publicou uma matéria chamada “As mentiras de Trump” divulgando uma lista de fake news ditas pelo ex-presidente ao longo de sua campanha política até aquele ano. Paralelamente, no cenário político brasileiro acontecia o mesmo fenômeno. Em 2017 o número de fake news cresceu abundantemente no Brasil, ocasionando numa onda de desinformação por todo o país e que certamente influenciou de maneira inimaginável os resultados das eleições daquele ano. Logo, com o crescente número de notícias falsas no país, as consequências foram sofridas no mesmo instante, com diversas redes sociais tendo que adotar medidas precatórias contra quem publicasse notícias mentirosas e veículos de imprensa tendo que realizar uma maior checagem das fontes das informações que eram divulgadas a seu público.
Por isso, é necessário que o Estado, em parceria com os veículos de informação brasileiros e as redes sociais, tome providências para mudar a situação atual. Para combater as fake news no cenário brasileiro, é preciso que o Ministério da Educação (MEC) e seus parceiros produzam, por meio de campanhas para a conscientização da população brasileira e de estudantes das escolas e universidades, um programa que ensine os brasileiros a identificar as fake news e ajude a combater a disseminação dessas notícias no país, além de vídeos divulgados nas redes televisivas e nas redes sociais oficiais do governo retificando boatos falsos e contando a realidade por trás daquelas publicações. Somente assim, será possível que documentários como o de André e Rodrigo sejam vistos como um exemplo de vergonha e de superação para as gerações futuras.