"A merendeira desce, o ônibus sai, dona Maria já se foi, só depois é que o sol nasce". Em sua música "A ordem natural das coisas", o rapper nacional Emicida discorre sobre a rotina dos indivíduos no meio urbano. Entretanto, mesmo que a urbanização cresça exponencialmente, vê-se que, quando feita de forma desordenada, ela impacta de maneira abrangente a população que contempla, marginalizando-a. Isso é perceptível, em especial, com os processos de segregação socioespacial e êxodo urbano vigentes na contemporaneidade.
Em primeiro plano, é válido abordar a ampla segregação presente nas cidades. Segundo o Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 16 milhões de pessoas vivem em aglomerados subnormais no território brasileiro. A partir disso, pode-se dizer que quanto mais se desenvolve a urbanização, mais aumentam também a pobreza e as desigualdades sociais, vistas, por exemplo, através dos processos de favelização dos mais desfavorecidos e da construção de arquitetura hostil aos indivíduos em situação de rua. Assim, o avanço torna-se, também, atuante na exclusão de minorias populacionais.
Concomitantemente a isso, percebe-se que a superpopulação das cidades diminui a qualidade de vida de seus habitantes, levando diversos grupos à mudança para o interior. Tal fato compara-se à ruralização da idade medieval europeia. Para sua preservação ante às guerras e criminalidade dos centros comerciais da época, a população se voltou para o campo, esperando proteção. Atualmente, essa prática têm retornado às atividades, como fuga do cotidiano na nova urbes.
Levando-se em consideração os fatos abordados, nota-se que o desordenamento urbano causa diversas problemáticas à sociedade, necessitando ser combatido. Por isso, cabe ao Governo Federal, por meio dos Ministérios de Infraestrutura e de Segurança Pública, promover políticas que dinamizem o espaço urbano e o tornem mais favorável à qualidade de vida de todas as instâncias sociais, diminuindo, também, o segregacionismo vigente na nação. Tudo isso, na perspectiva de que o desenvolvimento não seja mais sinônimo de caos e, sim, de harmonia. Dessarte, trabalhos como o de Emicida e de outros artistas poderão apresentar aspectos cada vez mais positivos acerca do convívio nas cidades.