"O cidadão de papel" trata da desvalorização de algumas pessoas na sociedade brasileira. A crítica de Dimenstein é verificada na questão da formação educacional dos surdos, que enfrenta diversos desafios e é esquecida frequentemente sobre uma capa de invisibilidade. Nesse sentido, observa-se um delicado problema, que tem como causas o silenciamento e o déficit no sistema educacional brasileiro.
Dessa forma, em primeira análise, a falta de debate é um desafio presente na problemática. Djamila Ribeiro explica que é preciso tirar uma situação da invisibilidade para que soluções sejam promovidas. Porém, a educação para surdos raramente é pauta de discussões entre os indivíduos da comunidade. Embora Libras seja a segunda língua oficial do país, poucas pessoas têm esse conhecimento ou tiveram acesso ao ensino dessa. Deficientes auditivos não são reconhecidos ou acolhidos pelo corpo social.
Em paralelo, a falta de investimentos na área da educação é um entrave no que tange ao problema. Para Immanuel Kant, "o homem não é nada além daquilo que a educação faz dele". Tal constatação é nítida na dificuldade em assegurar ensino de qualidade aos surdos, uma vez que o mercado de trabalho não cria professores preparados para oferecer aulas inclusivas. A falta de escolas que ofertam a infraestrutura necessária para receber alunos com necessidades educacionais especiais é um reflexo do descaso com o sistema educacional brasileiro.
Portanto, é indispensável agir sobre a questão. Para isso, o Ministério da Educação deve atualizar a Base Nacional Comum Curricular, incluindo aulas de Libra, a fim de converter o cenário atual dos colégios. Além disso, o Poder Público deve investir em campanhas de conscientização sobre o tema. Dessa forma, o Brasil poderá ter menos "cidadãos de papel", como defendeu Dimenstein.