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Por isabelem
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A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN; BRASIL, 1996) estabelece que a Educação Física (EF), integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório. Na Base Nacional Comum Curricular (BNCC; BRASIL, 2018) são estipulados como conteúdos desta disciplina para a educação básica os esportes, as brincadeiras, as danças, as ginásticas, as lutas e as práticas corporais de aventura. Assim, o objetivo deste texto é discorrer acerca dos aspectos lúdicos no trabalho com o conteúdo esporte no Ensino Médio (EM). Deste modo, a redação será dividida em três partes: primeiramente serão apresentados os conceitos iniciais sobre o EM e sua relação com ensino dos esportes conforme a BNCC; na sequência será descrito o aprofundamento teórico, tecendo relações entre o lúdico, o esporte e o EM; e, por fim, serão realizadas as considerações finais sobre o tema.
Segundo a LDB, compreende-se o Ensino Médio como a última etapa da educação básica, com duração de três anos, para adolescentes entre 15 e 17 anos, que concluíram o Ensino Fundamental. Essa etapa do ensino tem como objetivos: a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos anteriormente; a preparação básica para o trabalho e a cidadania; formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina (BRASIL, 1996). Segundo Oliveira et al. (2018), corroborando o documento supracitado, no EM as aulas de EF devem promover aprofundamento e consolidação das aprendizagens, além da complexificação dos conteúdos.
De acordo com a BNCC, a disciplina de EF para o EM está inserida na área de linguagens e suas tecnologias. Diante disso, além da experimentação de novos jogos e brincadeiras, esportes, danças, lutas, ginásticas e práticas corporais de aventura, deve contribuir como uma disciplina fundamental para a intensificação do conhecimento dos jovens sobre seus sentimentos, interesses, capacidades intelectuais e expressivas; ampliando e aprofundando os vínculos sociais e afetivos; os quais refletirão sobre a vida e o trabalho que gostariam de ter (BRASIL, 2018).
Diante do apresentado, a BNCC (BRASIL, 2018) recomenda o EM trabalhado por meio de temáticas relacionadas às práticas corporais na comunidade escolar, buscando relacioná-las e problematizá-las com o lazer, à saúde e o processo de autonomia da cultura corporal do movimento. A EF, como indica Paz et al. (2021) precisa valorizar as situações lúdicas de aprendizagem, com a necessária articulação entre as experiências vivenciadas na Educação Infantil e os campos de experiência do Ensino Fundamental que se refletem nas práticas do EM. Nesse prisma, a EF nesta etapa segundo Palma, Oliveira e Palma (2010) precisa garantir, enquanto unidade temática, os conteúdos potencializadores dos eixos norteadores da prática pedagógica, que são: o movimento e a corporeidade, o movimento e os jogos, o movimento em expressão e ritmo, o movimento e à saúde e o movimento e os esportes.
Nesse sentido, Palma, Oliveira e Palma (2010) sugerem que sejam trabalhados em relação a esse conteúdo o conhecimento de esportes como integrantes do repertório cultural de movimentos, estudando e vivenciando diversas formas e modalidades. Para Metzner et al. (2017), os objetos do conhecimento da EF (esportes, jogos, lutas etc.) são partes integrantes da sociedade atual. Tais manifestações devem ser tratadas de maneira crítica e com profundidade, ampliando possibilidades de movimento, de sentidos e significados nas diversas manifestações da cultura de movimento. Isso porque, muitos esportes são frutos da cultura popular de determinadas sociedades e permanecem influenciando-as e sendo influenciados por elas.
A BNCC propõe que não se utilize uma abordagem tecnicista do ensino de EF, que visa ao aperfeiçoamento de gestos esportivos. Essa opção se deve à maior autonomia e à maior capacidade de abstração e reflexão por parte dos alunos (BRASIL, 2018). Nesse sentido, visando à construção de conhecimento significativo, é importante conhecer e considerar os interesses dos estudantes, seus conhecimentos pregressos e suas necessidades, valorizando o diálogo (METZNER et al., 2017). Dessa forma, Marques (2013) afirma que essa abordagem também não deve se limitar a proporcionar aos estudantes momentos de lazer despreocupado.
Assim, podemos entender o esporte, segundo Barbanti (2006), como uma atividade competitiva institucionalizada que envolve esforço físico vigoroso ou o uso de habilidades motoras relativamente complexas por indivíduos cuja participação é motivada por uma combinação de fatores intrínsecos e extrínsecos. Já Galatti et al. (2018) concebe o esporte enquanto um fenômeno sociocultural que encontra na contemporaneidade um momento de valorização, manifestando-se em diversos cenários, envolvendo diferentes personagens, que lhe designam variados significados.
Tubino (1999) afirma que o esporte escolar é direito de todos e o divide em três dimensões: esporte-educação, esporte-participação e esporte-performance. O esporte-educação, se relaciona ao processo educativo, uma preparação para o exercício da cidadania e com caráter formativo. Deve ser desenvolvido na infância e na adolescência, na escola e fora dela, com a participação de todos, evitando a seletividade e a competição acirrada. O esporte-performance, está ligado à competição e é disputado obedecendo às regras de cada modalidade. Este é o esporte institucionalizado, do qual fazem parte federações internacionais e nacionais que organizam as competições (TUBINO, 1999).
Já o esporte-participação, se apoia no princípio do lúdico, lazer e na utilização construtiva do tempo livre. Esta manifestação esportiva não tem compromisso com regras institucionais e tem na participação o seu sentido maior, promovendo o bem-estar dos praticantes. Pelo envolvimento das pessoas nas atividades, proporciona o desenvolvimento de um espírito comunitário, de integração social, fortalecendo parcerias e relações pessoais, além de uma prática esportiva democrática, permitindo o acesso de todos (TUBINO, 1999). Portanto, essa é uma dimensão a respeito dos esportes que pode ser trabalhada no EM, considerando que a BNCC preconiza a reflexão sobre lazer, estilo de vida ativo e o conhecimento da cultura corporal (BRASIL, 2018).
Para Tubino (1999), é importante que haja uma intervenção pedagógica inclusiva para que o esporte de forma lúdica eduque rompendo barreiras e oportunizando um ensino de qualidade. Deste modo, poderá atingir os objetivos voltados à melhoria da educação e à qualidade de vida na formação do aluno como cidadão ativo, participativo e cooperativo na sociedade. É necessário que os professores compreendam que o esporte na escola deve ser entendido e trabalhado como conteúdo, para que por meio do jogo e do lúdico seja despertado nos alunos o prazer em movimentar-se (DARIDO; RANGEL, 2017).
Assim, se compreende o conceito de lúdico, como um estado de prazer, com razão própria de ser, contendo em si mesmo o seu objetivo (FEIX, 2013; LUCKESI, 2002). Segundo Kishimoto (2002) atividades lúdicas têm papel fundamental na formação do aluno, podendo ser utilizado como um recurso para as práticas pedagógicas. Almeida (2006) completa afirmando que o lúdico faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana, trabalhando com a cultura corporal, movimento e expressão. Portanto, o lúdico pode ser entendido como um recurso nas aulas, estimulando a criatividade, aprendizagem significativa, cooperação e socialização, fatores esses essenciais para a aprendizagem dos esportes.
O esporte, como atividade de lazer, educacional, rendimento ou profissional, é um componente importante na sociedade, e possibilita uma vasta gama de intervenções e relações que vão desde a prática livre ao alto rendimento (FEIX, 2013). Santin (2001) afirma que o esporte é parte da cultura do movimento humano, possuindo funções socioculturais e políticas. Outrossim, pode ser vista como uma atividade lúdica que participa da criação do imaginário humano, ajudando a integrar cada indivíduo na dinâmica social.
A atividade lúdico-desportiva é o encontro e a mediação entre o jogo e o desporto, podendo ter caráter predominantemente lúdico ou predominantemente desportivo-formal, com gestos específicos, sistematização de regras, com uma ordem estruturada, acompanhada de competição (BURGOS et al. 2009). Ao se trabalhar de modo lúdico, o esporte, é possível realizar adaptações quanto as regras, espaço de jogo, do número de jogadores, pode-se agregar materiais diversos, além de brincadeiras e jogos, ou seja, inúmeras atividades que vão incrementando aos poucos modalidades esportivas sem cunho competitivo.
É importante destacar que a prática de atividade física na infância é fundamental para o desenvolvimento da saúde física e mental das crianças e adolescentes (BURGOS et al. 2009). Os aspectos cognitivos e afetivos também podem ser desenvolvidos a partir da ludicidade, visto que promovem amadurecimento emocional, juntamente com desenvolvimento da inteligência e da sensibilidade, implicando de forma positiva na educação escolar (FREITAS; ASSIS, 2006).
Para Darido e Rangel (2017) o professor pode trabalhar os aspectos gerais dos esportes por meio do lúdico. O objetivo é iniciar os alunos nos diferentes esportes; para atingi-lo, a estratégia utilizada é o jogo, que pode ocorrer de maneira mais livre, mais flexível e com poucas regras, ou mais rígido, com regras, técnicas e táticas da atividade esportiva praticada. Para tanto, é indispensável que o docente considere as necessidades e a faixa etária dos alunos, bem como seu nível de conhecimento da modalidade e desenvolvimento motor, contribuindo para formação e preparação para a vida (BETTI, 1991).
Nesse sentido, ao incorporar o jogo e a brincadeira no ensino de esportes é possível estabelecer uma relação entre o ensino e a aprendizagem. Pode-se trabalhar com jogos já conhecidos, variando as modalidades e incluir diversos esportes no decorrer das aulas, viabilizando valiosas vivências motoras, tirando o foco da competitividade e acrescentando a diversão. Para os alunos do EM, é importante que estas atividades sejam planejadas de acordo com sua fase de desenvolvimento e que sejam aplicadas atividades lúdicas adequadas, desafiadoras e que colaborem para que os alunos vivenciem novos movimentos.
Enquanto no Ensino Fundamental, o professor pode propor um trabalho com esportes tradicionais, como o futsal, por exemplo, trabalhando com a introdução ao esporte, suas regras, formas de disputa, fundamentos técnicos, aspectos táticos, entre outros conhecimentos que permitam que o aluno pratique, com certo domínio, o esporte. Já no ensino médio, ao dar continuidade nos conteúdos, o professor pode aprofundar os conhecimentos nesse esporte, abordando outras temáticas que o envolvam; no caso do futsal, poderiam ser feitas discussões sobre a disponibilidade de sua prática nos espaços públicos, sua relação com o lazer e como esses casos impactam e repercutem na sociedade em geral (GONZALEZ; FRAGA, 2012). Pode ser desenvolvido com a turma um jornal local, no qual pode ocorrer o levantamento das práticas esportivas mais comuns na região, e a partir disto os alunos podem ciar matérias de jornal sobre as modalidades encontradas e criar jogos adaptados para vivenciarem nas aulas.
Podem ser trabalhados por meio de jogos e brincadeiras, atividades planejadas e elaboradas pelos estudantes que tratem, por exemplo, dos fundamentos do futsal, em forma de oficinas, no qual cada grupo criaria atividades lúdicas para ensinar esses aspectos da modalidade. Nas aulas, pode-se ainda realizar jogos com uma bola de tamanho maior, como a de pilates, e cada jogador do time deve tocar na bola antes de chutar ao gol. Ou então, é possível trabalhar com visitas a locais públicos destinados a prática de futsal, além do que, poderia ser realizado um levantamento acerca do panorama local relacionado a espaços públicos destinados a atividades esportivas disponíveis. A partir desta pesquisa, os alunos podem criar maquetes que representem os locais de prática que da modalidade conhecem e fazer uma exposição na sala.
Nos exemplos citados acima, atende-se os conteúdos da BNCC e o desenvolvimento de outras habilidades por meio do esporte, como habilidades sociais (colaboração, espírito competitivo, capacidade de assimilar derrotas e vitórias, respeito às regras etc.). Além disso, pode contribuir para um estilo de vida ativo, inclusão social e a realização de atividades esportivas como lazer, conforme indicado por Gonzalez e Fraga (2012).
Já se o conteúdo abordado tiver sido o voleibol, dentre os esportes de rede/parede divisória, o foco provavelmente estava nos elementos básicos do jogo (regras, organização e a introdução aos elementos técnicos). No EM, partindo destes conhecimentos previamente construídos, associados a uma capacidade cognitiva mais desenvolvida, há a possibilidade de aprofundamento destes sobre o tema, envolvendo, por exemplo, questões táticas mais avançadas (PAZ et al., 2021). Pode-se trazer jogos e brincadeiras que remetam as situações técnicas e táticas do voleibol e após as práticas, cada equipe pode criar uma história em quadrinhos sobre o que foi realizado e as características do vôlei.
Além de aumentarem o domínio dos alunos sobre a modalidade, os jogos e brincadeiras estimulam sua autonomia, sendo esta uma possibilidade para consolidar os conhecimentos sobre diferentes esportes de rede/parede. Por meio de atividades lúdicas, podem ainda ser apresentadas suas semelhanças e diferenças. No EM, assim como nas demais etapas, o professor não deve se esquecer que a EF se afirma como uma prática pedagógica que tematiza diferentes formas de movimentar o corpo visando à expressão corporal, que compreende as relações culturais existentes entre os gestos motores (MARQUES, 2013).
Em razão da necessidade de aprofundamento dos conteúdos, o professor pode trazer vinculado ao esporte, discussões sobre a relação entre esporte e saúde, aspectos positivos e negativos da prática esportiva, iniciação precoce e questões sobre a fisiologia esportiva. A respeito dos tópicos da fisiologia esportiva, para que seja lúdico e mais fácil para os alunos assimilarem esse conteúdo, o professor pode propor a construção de uma maquete ou de um jogo, a fim de demonstrar ou explicar como se são esses processos durante a prática.
Outro tópico atual que pode ser trabalhado com o EM são os jogos eletrônicos ou eSport. Os eSports ou esportes eletrônicos referem-se a competições de jogos eletrônicos nas quais os atletas profissionais e amadores, são assistidos por uma audiência presencial e/ou online, através de diversas plataformas de stream, online ou na televisão (HAMARI; SJOBLOM, 2017). No transcorrer da história destes jogos eletrônicos, estes vieram se aproximando aos esportes tradicionais em premiações e espetacularização (LOÇASSO; VENÂNCIO, 2019). Nesse sentido, o professor pode trazer discussões e práticas diferenciadas, que por si só são lúdicas. Dentre as discussões pode abordar se os eSportes são considerados ou não esportes, como ele ocorre entre os jovens, possibilidades de prática, aspectos sociais dos jogadores, plataformas e acessos, dentre outros.
Logo, ao fim do EM é importante que os alunos tenham ampliado seus conhecimentos a respeito dos esportes, tanto com relação a conceitos e a práticas diferenciadas. Nesta etapa, considerando os aspectos lúdicos do ensino dos esportes, é fundamental que os educandos conheçam diversas modalidades (características e histórico) e conceitos básicos da modalidade. De modo especial no EM os alunos devem ter aprendido novos gestos técnicos e modalidades, além de combinações táticas simples e complexas, estratégias de jogo, isso sempre contextualizado e permeado por discussões aprofundadas de outros assuntos relacionados aos esportes.
Portanto, o professor precisa promover oportunidades diversas para que os alunos possam interagir com seus pares e explorar um amplo repertório de movimento, de modo lúdico promovendo maior motivação durante as aulas e o aprendizado de uma vasta gama de esportes, tradicionais ou não. Sobretudo, é fundamental que as atividades tenham complexidade adequada à idade dos alunos do EM, e que também contribuam para seu desempenho motor. A participação dos alunos na construção das aulas também deve ser considerada pelo professor, uma vez que possibilita maior engajamento nas atividades planejadas.
Assim, ao trabalhar com o esporte de forma lúdica, a visão sobre o rendimento, competição e desempenho pode ser superada, auxiliando os jovens a ressignificar essa prática contribuindo para que criem sua própria cultura com relação ao esporte. Ademais, por meio de atividades lúdicas pode ser aprofundado o conhecimento dos alunos acerca das práticas esportivas e seus aspectos sociais e culturais. Abordar esse conteúdo com premissas diferentes é um desafio para os professores, particularmente para esta etapa da educação básica, o que exige a elaboração de novas propostas pedagógicas apropriadas ao esporte, o lúdico e os alunos do EM.
Competência 1

Demonstrar domínio da norma da língua escrita.

Sua nota nessa competência foi: Redação ainda não pontuada

Competência 2

Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.

Sua nota nessa competência foi: Redação ainda não pontuada

Competência 3

Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.

Sua nota nessa competência foi: Redação ainda não pontuada

Competência 4

Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.

Sua nota nessa competência foi: Redação ainda não pontuada

Competência 5

Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

Sua nota nessa competência foi: Redação ainda não pontuada

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