Revogação do Novo Ensino Médio

A obra literária "Homem Invisível" do autor americano Ralph Ellison retrata a história de um jovem universitário negro lutando para sobreviver e ser bem sucedido em uma sociedade que que se recusa a vê-lo como um ser humano e suas necessidades. Nesse sentido, é possível observar que a Reforma do Novo Ensino Médio traz uma situação análoga à do Homem Invisível, uma vez que exclui, não racialmente, mas socialmente, as necessidades da classe mais pobre da população brasileira.
Sob essa ótica, é importante afirmar que mais da metade da nação pertence à classe baixa segundo o IBGE. Essa situação faz com que muitos jovens precisem trabalhar para ajudar com a renda da família enquanto ainda estudam e, em diversas situações, acabam precisando abandonar os estudos. Sendo assim, a Reforma do Novo Ensino Médio, que aumenta a carga horária de estudos, impulsiona ainda mais a necessidade de deixar de estudar para trabalhar.
Ademais, entre especialistas, a preocupação é de que as mudanças potencializem a desigualdade entre escolas públicas e privadas, sendo alguns dos fatores motivadores a falta de infraestrutura necessária e de professores com a formação adequada para ministrar as novas disciplinas.
Sendo assim, a falta de preparação dos professores resulta em uma má qualidade de ensino e até a não-execução das aulas por carência de professores, que vai atingir mais fortemente àquelas escolas mais vulneráveis.
Fica evidente, portanto, que a questão da dificuldade da realização do projeto do Novo Ensino Médio precisa ser resolvida. Para isso, é preciso que se revogue a lei instituída pelo governo de 2017 até a haver um projeto que esteja de acordo com a realidade do nosso país, para que, diferentemente do Homem Invisível, os professores, alunos e suas famílias sejam vistos e tenham suas necessidades atendidas.