"A História das Coisas", obra da americana Annie Leonard, retrata que problemas sociais contemporâneos estão relacionados ao consumismo. Nesse sentido, a questão do desaproveitamento de comida encaixa em tal discussão. Dito isso, a Sociedade de Consumo e a desigualdade social são desafios no combate ao desperdício de alimentos no Brasil.

Primordialmente, faz-se relevante destacar que a sociologia estuda a Sociedade de Consumo, que fala sobre o consumismo massivo atual. Quando feito pela classe alta, se interliga à problemática do acúmulo de comida. Com base nisso, a animação "Homem", do ilustrador inglês Steve Cutts, apresenta um ponto de vista crítico, em que o ser humano, o homem, explora os recursos naturais, sem se preocupar com a preservação. Nesse viés, o modo de venda onde se produz mais do que o necessário prevalece com os grandes produtores de alimentos, que depois os vendem a preços não acessíveis.

Por conseguinte, sob essa ótica, a partir de 1930 houve um visível crescimento na produtividade nos setores da agropecuária, esse evento é conhecido como Revolução Verde. Acerca disso, dados da ONU, Organização das Nações Unidas, mostram que 20% das pessoas mais ricas do planeta compram 45% de toda a carne e peixe. Sendo assim, é possível inferir que o crescimento de recursos alimentícios beneficia principalmente a parcela mais alta em escala econômica, o que cria um desequilíbrio, visto que tal parcela é a menor a nível geral. Assim, se os alimentos não são distribuídos de forma igualitária, aumenta-se o desperdício.

Depreende-se, portanto, a necessidade de enfrentar tais obstáculos. Para isso, é crucial que as grandes empresas de venda no agronegócio diminuam os preços dos alimentos produzidos, por meio de iniciativas privadas, a fim de que as compras não fiquem concentradas nas classes mais altas. Tal ação irá torná-las acessíveis para todas as camadas sociais e irá criar uma redistribuição inteligente, causa que é mencionada por Annie Leonard em "A História das Coisas".