“Caminhando contra o vento, sem lenço sem documento”. Conforme o pequeno trecho de uma das grandiosas obras de Caetano Veloso, Alegria, Alegria, é distintamente vista a realidade de muitos brasileiros. Uma vez que por falta e privação de informações, tais pessoas andam contra a normalidade dos dias hodiernos, e contra suas obrigações diante as leis. Sem documentos, dos mais simples como certidão de nascimento até o mais importante, o registro civil, a “mãe” de todos os outros.
Habitualmente, a invisibilidade afeta aqueles que vivem em situações de miséria, os quais trabalham muito por míseros centavos, ato conhecido como escravidão moderna. Em outros casos, por nascerem de uma família carente, não possuem nenhum acesso a qualquer informação, por morar em lugares bem afastados longe dos cenários atuais seus conhecimentos ficam retrógrados diante da sociedade.
Em tese, a invisibilidade uma vez que não é revertida é passada de geração em geração. Se os pais de uma criança não possuem documentos não é possível emitir sua certidão de nascimento e posteriormente o cadastro de pessoa física, e o registro civil. Conforme apontado em uma pesquisa publicada pela Folha de São Paulo, houve uma redução de 18,2% de sub-registros de crianças no país, entre o ano de 2002 e 2019, consequência dos programas que disponibilizam renda impondo a necessidade de ter documentos, é concebível dizer que tal ação governamental mesmo que não intencional, melhorou as condições de forma significativa.
Como a dito por Aibileen Clark, personagem de Histórias Cruzadas, “Ninguém nunca me perguntou como é ser eu”. Pode não fazer parte da realidade de muitos, parecer inclusive, algo de outro mundo, fora da realidade. Mas uma vez presente é necessário debater e chegar a um consenso que resulte na reversão desse mal. O governo logra meios para facilitar a emissão de certidões de nascimento para crianças cujo os pais não apresentam registro civil por motivos plausíveis e até irreversíveis, visto que muitos não disponibilizam de certidão de nascimento, desconhecem seu nome, e seu natalício, algo que atualmente é motivo para o problema ser incessantemente passada aos sucessores. Novos caminhos abrem novas portas, todas as formas de permitir a oportunidade para essa nova geração e uma condição melhor que seus antecessores, deve ser considerada.