Em 1904, as camadas populares do Rio de Janeiro saíram às ruas para enfrentar os agentes da saúde pública e a polícia, por causa da falta de informação. Esse ato ficou conhecido como revolta da vacina, que foi consequência da implantação da obrigatoriedade da vacina sem haver uma conscientização da importância de se vacinar. Nessa perspectiva, entende-se a necessidade de acesso à informação à população. Assim, mostra-se importante pensar na queda nos índices de imunização e no ressurgimento de doenças erradicadas no Brasil, uma vez que as fake news e a falta de investimento em produção de vacinas no Brasil configuram as maiores problemas desse cenário.

De início, destaca-se a proliferação de fake news sobre o ato de se vacinar, podendo ser por negacionismo ou falta de conhecimento, como resultado o movimento antivacina tem aumentado cada vez mais. Segundo a imunologista do Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais, Jacy Andrade associa a falta de adesão vacinal às fake news nas redes sociais. A notícia impactante contra a vacina pode não ser verdade, mas aquilo desperta nas pessoas uma curiosidade imensa. Então, essas fake news têm a intenção de desinformar, é um desserviço à população.

Ademais, destaca-se a falta de investimento em tecnologia de vacinas nacionais que tem causado a dependência de produtos importados, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos, atualmente o Brasil importa 90 por cento dos insumos farmacêuticos usados em medicamentos e vacinas. O problema de depender de outros países ficou mais evidente durante a pandemia, o calendário de vacinação contra a covid-19 sofreu diversos atrasos por dificuldades na entrega de produtos vindos da Ásia. Sendo assim, torna-se urgente reconhecer que esse processo resultou hoje em uma sangria.

Com a finalidade de atenuar a queda nos índices de imunização e o ressurgimento de doenças erradicadas no Brasil, cabe ao Ministério da Saúde juntamente com as Secretarias estaduais e municipais com os recursos do orçamento fazer uma procura dos pais que não vacinaram seus filhos para ajudá-los e conscientizá-los e propor a vacinação. Também cabe ao Ministério da Ciência com o orçamento investir em infraestrutura para a produção de vacinas no Brasil. E por fim cabe à mídia por meio dos jornais combater as fake news. Somente assim haverá um estancamento da sangria.