“A pior cegueira é a mental, que faz com que não reconheçamos o que temos à frente." A afirmação atribuída ao escritor português José Saramago, representa explicitamente o comportamento da sociedade perante os impactos causados pelos efeitos da relação entre a humanidade e as tecnologias no século XXI, já que a falta de reflexão do corpo social garante a invisibilidade destes efeitos, que permanecem sem resolução. Assim, tem-se a dependência tecnológica como origem deste quadro negativo. Nesse sentido, entre os fatores que aprofundam essa situação, estão a busca por prazeres momentâneos e o imediatismo.
De início, é notório que existe uma grande irracionalidade diante da exposição da sociedade às tecnologias, pois, ao pensar que tudo pode ser realizado por um dispositivo eletrônico, o ser humano somente pensa na comodidade de realizar uma ação a distância. A “Atitude Blasé”, termo proposto pelo sociólogo alemão George Simmel, no livro “The Metropolis and Mental Life”, ocorre quando um indivíduo passa a agir com indiferença em situações nas quais ele deveria prestar atenção. Em contrapartida, o cidadão deve tomar consciência de que a tecnologia não é o único modo de resolver algo.
Mormente, a necessidade de fazer ou obter respostas rapidamente, contribui para o confeccionamento de uma nação extremamente dependente. Nesse sentido, é lícito referenciar Zygmunt Bauman, filósofo e sociólogo polonês que afirma o seguinte: “As redes sociais são muito úteis, oferecem serviços muito prazerosos, mas são uma armadilha.” De maneira análoga, os cidadãos se conformam com o prazer de resolver conflitos o mais breve possível, por meio de respostas fornecidas pelos aparelhos digitais, mesmo que isto não agregue valor, o que pode vir a reduzir a capacidade mental, já que não estimula a mente.
Destarte, medidas são necessárias para resolver o impasse. É mister que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, por meio de verbas parlamentares, promova palestras e campanhas com o fito de amenizar o problema a curto prazo. Somente assim, os efeitos da relação entre a humanidade e as tecnologias do séc. XXI poderão ser amenizados, visando uma melhor qualidade de vida. Dessa forma, a realidade retratada por José Saramago ficará apenas na Literatura.