Em primeiro lugar, é crucial que seja colocado em pauta o perigo da obsolescência programada de mercadorias para o bem-estar das pessoas. Segundo Zygmunt Bauman, autor da obra “Modernidade Líquida”, existe uma tendência nos tempos modernos a querer-se apresentar aos outros uma faceta muito rasa da vida, mas praticamente perfeita, ao passo que as dores e sofrimento, claramente inevitáveis, mas, ainda assim, normais da passagem neste mundo, são escondidas nos confins de quem as sente, como em uma atuação de teatro. Nesse sentido, o consumismo proporcionado pela obsolescência programada acaba colaborando na perpetuação dessa superficialidade. Atos como, por exemplo, adquirir o celular mais recente, porque o que foi comprado no mesmo ano apresentou defeitos, são normalizados, o que incita os compradores a repetirem o gesto mesmo fora dos efeitos da obsolescência, quando é sentida a necessidade de obter tal produto não porque há um mal-funcionamento nele, mas porque todos estão comprando-o. Assim, a energia posta no consumo excessivo advindo da limitação da vida útil dos materiais planejada, em uma tentativa muitas vezes inconsciente de adequar-se às expectativas sociais citadas na teoria de Bauman, induz as pessoas a más estados mentais, presas em jogos de aparências e, por final, rodeadas de improfundidade e solidão.
Além disso, convém analisar como ocorre tamanha influência do tema na questão da qualidade de vida de muitas pessoas no mundo capitalista contemporâneo. Quer seja pela legítima necessidade de trocar um aparelho defeituoso, quer seja devido aos hábitos de consumismo sementeados pela conduta fomentada no meio industrial, a clientela, com efeito, motiva a perfuração desta e, assim, a produção e desperdícios materiais são alavancadas de forma desproporcional ao que a natureza pode aguentar. Sob esse viés, pesquisas promulgadas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostram que países pobres, principalmente asiáticos e latino-americanos, recebem 80% do lixo eletrônico produzido pelas nações ricas, que chegam aos territórios muitas vezes de forma ilegal. Uma vez que esses países não dispõem de recursos monetários suficientes para a aplicação de legislações que bloqueiem tal prática, tampouco para tratar adequadamente a poluição induzida, as populações residentes não têm outra opção a não ser encarar o deterioramento do meio ambiente em que vivem. Dessa forma, ficam à mercê da acentuação da pobreza e desigualdade socioeconômica de suas comunidades, panorama que deixa claro, então, o risco que a problemática representa para o ecossistema - logo, para a garantia mínima de condições dignas de vida aos moradores desses lugares.
Diante de todo o exposto, urge que a agência OIT, vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU) - órgão de grande peso nas decisões intra e intergovernamentais - garanta a supervisão e aferimento da integridade da produção industrial de todos os Estados-membros, visando a detecção e a inibição de possíveis métodos que estejam sendo utilizados pelas empresas para forjar a durabilidade de seus bens. Isso ocorreria por meio da adição de uma nova convenção, chamada “Combate efetivo à obsolescência programada”, com a finalidade de apaziguar as sequelas desta para o bem-estar mental e público, paralelamente ao desenvolvimento sustentável no planeta. Espera-se que, assim, o rumo dos padrões tóxicos de manejo do mercado presentes desde a crise de 1929 possa ser mudado, e que seja possível, enfim, colher os frutos de uma evolução da sociedade em um futuro bem mais próximo.
Demonstrar domínio da norma da língua escrita.
Sua nota nessa competência foi: Redação ainda não pontuada
Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.
Sua nota nessa competência foi: Redação ainda não pontuada
Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
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Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
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Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.
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