Em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, Getúlio Vargas - dirigente do Poder Executivo do Brasil -, por meio de um projeto de lei, proibiu em território nacional que se falasse línguas estrangeiras, em especial dos países do Eixo: Itália, Alemanha e Japão. Dessa forma, tal medida defende o cerceamento do direito do indivíduo de expressar a sua cultura por meio da fala. De maneira análoga a isso, o preconceito linguístico caracteriza-se pela repressão social da variância linguística, uma vez que defende uma norma padrão e única para o domínio da língua. Nesse viés, a visão da linguagem como forma de dominação social e aculturação de um povo bem como a crença de superioridade de uma nação sobre a outra são os principais agentes responsáveis pela presença do preconceito linguístico na sociedade.
Diante dessa perspectiva, a presença da língua inglesa, na contemporaneidade, como “linguagem universal” retrata a permanência do papel do idioma como expressão de poder. Sob essa ótica, o sociólogo francês Èmile Durkheim defendia que a sociedade é capaz de moldar o homem, o seu comportamento e ideais. Dessa maneira, a obrigatoriedade social de se aprender o inglês para se conectar ao mundo e as oportunidades, representa o pensamento defendido por Durkheim, visto que a fala é um dos principais modos do indivíduo expressar a sua cultura e pensamento. Assim, torna-se recorrente ainda a repressão de nativos dessa língua sobre estrangeiros, logo que embora o indivíduo possua fluência, desvios de proveniência advindos do sotaque são comuns.
Ademais, no Brasil, o processo colonial retratou a hegemonia da cultura portuguesa sobre os povos tradicionais, tal pensamento eurocêntrico caracterizou-se pela crença de que apenas o modo como os europeus se comunicavam seria o correto. Sob essa ótica, o interesse dos colonizadores em declarar o português como único idioma da, até então, colônia contribuiu para a extinção de diversas expressões e tradições indígenas. Logo, o preconceito linguístico ainda se dá pela herança colonial das ideias de superioridade dos europeus sobre a América Latina.
Em suma, torna-se imprescindível a adoção de medidas que venham conter a discreminação da linguagem entre povos. Para isso, cabe à Organização das Nações Unidas (ONU) - órgão responsável por políticas econômicas e sociais que visem o desenvolvimento das nações - ensinar sobre a importância da diversidade cultural por meio da promoção de palestras em escolas ao redor do globo, ministradas por professores e sociólogos, a fim de que todos os idiomas e culturas possam ser valorizados e respeitados. Somente assim, ações como a de Vargas e da colonização serão apenas aspectos do passado.