Na obra na obra "Cidade do Sol" ,criada sobre a perspectiva do filósofo Tommaso Campanella, ocorre a ilustração de uma sociedade perfeita, sem a presença de penúrias. No entanto, distante dessa ideologia utópica, a população brasileira encontra-se estagnada perante obstáculos indesejados, os quais afetam a vivência coletiva. Com efeito, a precarização do sistema carcerário inclui-se com um dos empecilhos presentes nessa realidade, sendo sustentada pela má coordenação do poder público e, além disso, pela visualização dos detidos pela infração ou delito, em detrimento de cidadãos.
Diante desse cenário, ressalta-se que faz-se mister de toda nação possuir um mecanismo capaz de reabilitar moralmente um indivíduo, dessa forma, a inabilidade do sistema penitenciário causa danos terríveis para os membros do corpo social. A esse respeito, atesta-se que a perenidade da frágil diligência do Estado no fornecimento de uma estrutura preparada para transformar um infrator em um cidadão apto para conviver eticamente no âmbito coletivo, resulta, na maioria dos casos, o retorno do recluso à prisão por cometer novamente atos ilegais. Ao analisar o Índice de Desenvolvimento Humano, critério direcionado para avaliar fundamentos de saúde , renda, educação e ,sobretudo, qualidade de vida em uma nação, observa-se que o Brasil padecente de adversidades ,como o ineficaz sistema prisional, tem seu desenvolvimento prejudicado pela dificuldade implementar iniciativas em prol do bem-estar coletivo. Logo, medidas resolutivas tornam-se imprescindíveis.
Ademais, no tocante ao desprezo direcionado a um infrator pelo destaque de sua conduta antiética, supõe-se que essa questão também desempenhe o papel de impulsionadora da problemática. Haja vista tal ocorrência, a máxima premissa associada ao ensinamento do livro "Bíblia Sagrada"-onde as pessoas em volta de uma transgressora são questionadas se as mesmas nunca haviam pecado e, se não, fossem os primeiras a puni-la. De tal modo, a parábola bíblica aparece não no intuito de impor uma doutrina religiosa, mas na intenção de transmitir para a sociedade um sentimento de compaixão pelos errantes e criminosos, pois todos são falíveis. Dessa maneira, parabeniza-se a atitude tomada pela Noruega- país onde as prisões oferecem ao detento oportunidade de acesso à educação e
outras habilitações. Certamente, gestos semelhantes precisam ser adotados para mudar a situação caótica no Brasil.
Colige-se, portanto, que medidas são necessárias para dirimir os impactos do precário ambiente correcional brasileiro. Com isso, cabe a união, enquanto a entidade complacente e encarregada pelo conforto social, viabilizar uma estrutura prisional para que ofereça acessos equitativos de educação, profissionalização e serviços comunitários, por meio de tributos compulsórios da população, com o acréscimo de palestras motivacionais com conteúdos pragmáticos a favor da cidadania, na finalidade de transformar ideias marginalizadas em ideias éticas tornando o espaço prisional em um lugar de mudanças benéficas. E assim, a comunidade desfrutará de uma convivência harmônica e, naturalmente, poderá assemelhar-se a obra de Campanella nos quesitos de igualdade, justiça e prosperidade.