De acordo com a filósofa Simone de Beauvoir, "o mais escandaloso dos escândalos é que nos habituamos a eles". Nesse sentido, nota-se que a afirmação da pensadora se concretiza no Brasil, haja vista que os impactos da revolução tecnológica digital no mercado de trabalho é um entrave social banalizado pela contemporaneidade. Desse modo, convém ressaltar que essa realidade ocorre não só pelo descaso do poder público, mas também pela negligência midiática. Logo, urge análise precisa disso, para uma solução eficaz.
Diante desse cenário, é fulcral pontuar o descaso do poder público como um dos principais motivadores dos obstáculos da tecnologia inserida no mercado de trabalho. Acerca disso, de acordo com o filósofo inglês Thomas Hobbes, é dever do Estado proporcionar meios que auxiliem o progresso de toda a coletividade. Tal concepção, todavia, não se aplica a conjuntura hodierna, uma vez que os ausentes investimentos em projetos de assistência e reversão desse quadro potencializam a problemática abordada e ferem, brutalmente, a dignidade dos profissionais especializados os quais podem ser substituídos por inovações tecnológicas e assim, causando o aumento da taxa de desemprego no país. Dessa forma, faz-se mister a reformulação dessa postura estatal urgente.
Ademais, outro ponto a destacar é a falta de atenção dada pelos veículos midiáticos ao cenário nacional dos efeitos da inovação tecnológica no mercado de trabalho. Sobre essa negligência jornalística, o escritor Paulo Henrique Amorim afirma, no "O quarto poder", que a mídia brasileira prioriza sensacionalismo, por ser um conteúdo potencializador de audiência e, assim, lucrativo. Todavia, esse perfil de produção cultural é maléfico ao povo, pois gera distração à população, e assuntos relevantes como os impactos tecnológicos no meio de trabalho, são silenciados no cotidiano. Assim, entende-se que, para superar essa problemática, ter a conscientização dos canais de comunicação é fundamental.
Portanto, observa-se a necessidade de impedir o avanço dessa problemática. Para isso, cabe ao Estado — instituição soberana e garantidor dos direitos fundamentais — a realização de palestras que ressaltem os impactos da revolução tecnológica digital no mercado de trabalho. Essas ações devem ser efetivadas por meio do amplo apoio dos poderes estaduais, com o intuito de mitigar esses obstáculos. Dessa forma, a coletividade mudará a concepção de Simone de Beauvoir.