De acordo com o sociólogo Paulo Freire, "a educação muda as pessoas, e as pessoas mudam o mundo". Tal premissa se constrói a partir do fato de que a educação é um elemento extremamente necessário para a manutenção da integridade humana, tornando-se imprescindível que todos os indivíduos de uma sociedade tenham acesso a ela. Porém, a realidade difere da teoria, visto que, diversas pessoas, em especial as portadoras de deficiências, possuem dificuldades no que concerne ao acesso à educação. Nesse ínterim, observa-se necessário analisar tal quadro, instrinsecamente ligado a negligência governamental concatenado dos diversos estigmas relacionados à deficiências.

Em primeira análise, vale ressaltar a ausência de ações eficazes do Governo nesse âmbito. Do que se extrai do artigo 5° da Constituição Federal de 1988, todos são iguais perante a lei, sem qualquer distinção de natureza, garantindo-se a inviolabilidade do direito ao acesso educativo. No entanto, mesmo diante desta previsão na Carta Magna, os casos de deficientes que possuem dificuldades para acessar uma educação inclusiva e de qualidade, ainda é uma problemática fortemente presente na sociedade brasileira hodierna, revelando a negligência, somada da ineficácia governamental, nesse quadro. Consequentemente, a ausência de ações que mudem tal cenário, contribui para o agravamento dessa realidade, o que prejudica a formação educativa - sendo esta de extrema importância - desses indivíduos.

Outrossim, a exclusão de portadores de deficiências também é um fator a ser analisado. Na obra "O Extraordinário", Auggie, personagem principal, nasceu com deformidades faciais, o que prejudica sua relação com os estudos, visto que, por conta de sua deficiência, ele sofre bullying de seus colegas de classe, provocando nele, ausência de vontade de frequentar a escola. Infelizmente, fora da ficção, a realidade não difere desta, já que, estigmas relacionados aos deficientes estão enraizados na sociedade verde e amarela. Assim, os indivíduos que possuem deficiências, principalmente os que frequentam o ambiente escolar - devido ao bullying - , estão mais suscetíveis a sofrer preconceitos e exclusões da sociedade, fazendo com que eles não desejem frequentar tais localidades, o que também é um fator que promove dificuldades a um acesso educativo inclusivo.

Diante dos argumentos supracitados, torna-se necessário que, o Ministério da Educação e o Governo, por meio de campanhas e palestra em escolas, abordem a questão do bullying e suas consequências, somado da remoção de estigmas sobre deficiências - ressaltando a igualdade humana - nos alunos, com o fito de remover qualquer preconceito a respeito desse âmbito, tornando assim, o ambiente escolar um local adequado para os portadores. Assim, espera-se-ia que todos os indivíduos tenham acesso à educação igualmente, contribuindo para a realização da premissa de Paulo Freire.