No livro divergente a sociedade é composta por sete castas que cristalizam a identificação do individuo como cidadão, entretanto os sujeitos que não se encaixam nesses grupos são tratados de forma hostil e são vistos sob uma ótica de inexistência diante do estado. Contanto tal prerrogativa seja apenas uma obra literária podemos relacionar com o contexto atual da invisibilidade e registro civil e garantia de acesso à cidadania no Brasil, se visarmos que atualmente 6% da população que reside no território brasileiro não obtém nenhum tipo de documento identificador.
Portanto é imprescindível discutir o que acarreta essa lacuna de pessoas sem registro civil. O artigo 6 da constituição brasileira garante educação para os cidadãos, logo esse direito é negligenciado a quem não seja considerado um. Ademais é perspicaz que o governo garanta identificação para crianças e jovens para que consigam usufruir do direito da educação e consigam se matricular nas escolas. Portanto como disse Immanuel Kant “O ser humano é o que a educação faz dele” dessa forma conseguimos enxergar que sem o registro esses grupos não terão o acesso a seu direito de educação como garante o artigo 6.
Paralelamente quem não tem registro civil também não pode trabalhar com carteira assinada, seguro desemprego, saúde, auxilio emergencial entre vários direitos essenciais. A lei 9.265 garante a gratuidade dos atos necessários ao exercício da cidadania, em analogia a esse contexto é evidente que este problema ultrapassa a barreira social, mas também o fato do processo ser extremamente burocrático e lento o que desanima o sujeito que deseja ter seu registro civil, aquele que já está cansado de ser visto como ninguém, fato que potencializa seu desgaste emocional que o impede de lutar por uma identidade.
Fica evidente a necessidade do ser humano de ser visto como alguém. Logo é mister que o estado garanta acesso a cidadania por meio de auxilio a quem deseja tira-la porem não sabe como começar e como agir diante do processo. Além disso campanhas sobre a importância do registro civil nas escolas para que os jovens entendam a problemática da exclusão de alguém na sociedade, assim abrindo espaços para debates e o aumento da valorização dessa causa. Só assim conseguiremos diminuir está taxa e aumentar os cidadãos no Brasil.