A "Atitude Blasé" - termo proposto pelo sociólogo alemão Georg Simmel no livro "The Metropolis and Mental Life" - ocorre quando o indivíduo passa a agir com indiferença em meio às situações que ele deveria dar atenção. A visão do sociólogo pode facilmente ser aplicada a biopirataria no Brasil, levando em consideração que tanto a população quanto o Estado passaram a normalizar o comércio ilegal de fauna e flora brasileira. Nesse contexto, vê-se que esse empecilho é atestado devido ao desempenho insatisfatório das autoridades , por conseguinte o desaparecimento gradativo da biodiversidade. Diante disso, torna-se fundamental a discussão desses aspectos, a fim do pleno funcionamento da sociedade.

Precipuamente, é fulcral pontuar que os danos ao meio ambiente, bem como o desequilíbrio ecológico propiciados pelo contrabando derivam da baixa atuação dos setores governamentais, no que concerne à criação de mecanismos que coíba tal recorrência. Segundo a Constituição Federal de 1988, no seu artigo 225, é dever do poder público, proteger a fauna e a flora das práticas que coloquem em risco sua função ecológica. Contudo, é desanimador notar que tal diretriz não dá sinais de plena execução, visto que os investimentos e projetos de leis que garantam a segurança e a preservação do meio ambiente não encontram espaço e respaldo político necessário. Desse modo, faz-se mister a reformulação dessa postura estatal de forma urgente.

Ademais, é imperativo ressaltar a extinção de espécies como decorrência da exploração ilegal de plantas e animais. De acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, das 12.256 espécies da fauna brasileira analisadas, 1.173 estão ameaçadas de extinção e o tráfico é a segunda principal causa. Destarte, tudo isso retarda a resolução do empecilho, já que a não observância desse fator contribui para a perpetuação desse quadro deletério.

Portanto, medidas exequíveis são necessárias para conter o avanço da problemática no país. Para tanto, necessita-se, que o Governo Federal em conjunto com o Ministério do Meio Ambiente — responsável pela execução das principais políticas e diretrizes a respeito do meio ambiente —, aumente a fiscalização, por meio de instalação de câmeras e mais policiamento nas fronteiras do Brasil, assim como nas áreas de proteção ambiental com o objetivo de impedir a perda da biodiversidade e manter o equilíbrio ambiental. Assim, poder-se-á diminuir, em médio a longo prazo, o impacto nocivo da biopirataria na realidade brasileira.