O filme “Wall-e” apresenta um futuro distópico do planeta Terra, onde o consumo desenfreado e a falta de consciência ambiental tornaram o planeta inabitável. Fora da ficção, a realidade brasileira caminha para rumos semelhantes, quando se observa cada vez mais o aumento da produção e descarte irregular de lixo eletrônico. Assim, o consumismo, somado a obsolescência programada, e falta de conscientização contribuem para a perpetuação dessa situação.

Em primeiro lugar, deve-se destacar a lógica de consumo como principal causa do impacto ambiental. Segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, a sociedade atual é a sociedade do consumo, logo, para ser considerado cidadão é necessário ser consumidor. Desse modo, o lucro é cada vez mais priorizado, levando a estratégias para aumentá-lo, como a diminuição da vida útil de aparelhos, que faz com que sejam necessárias mais compras e assim aumentando a quantidade de lixo produzido. Logo, a primazia do ganho é um problema a ser resolvido.

Ademais, é necessário apontar que a falta de educação ambiental da população é uma parte significativa da questão. Nesse sentido, a falta de informação faz com que a população não enxergue a real dimensão do problema, e ignore fatos como as doenças causadas pelos metais pesados presentes nos aparelhos eletrônicos, como tumores, bem como suas sequelas no solo e lençol freático e como realizar o descarte adequado. De acordo com o jornalista Eduardo Galeano, o primeiro passo para mudar a realidade consiste em reconhecê-la falha educacional, dessa forma, é imprescindível combater a desinformação, visto que ela promove a banalização do problema.

É evidente, portanto, a necessidade de medidas que solucionem esses obstáculos ao bem-estar ecológico. Por isso, o Governo Federal deve, por meio dos Ministérios do Meio Ambiente e da Educação e junto a empresas de tecnologia, criar programas de coleta e pontos de descarte de lixo eletrônico, campanhas de conscientização e implantar aulas de educação ambiental na base curricular nacional, a fim de propiciar o destino correto dos resíduos e capacitar a população. Tal plano deverá garantir a preservação do meio ambiente e da saúde pública, e sanar as dúvidas em relação ao tema. Dessa forma, se evitará destinos semelhantes ao apresentado em “Wall-e”.