Na obra "Utopia", do escritor inglês Thomas More, é retratada uma sociedade perfeita, na qual o corpo social padroniza-se pela ausência de conflitos e de problemas. No entanto, ao visualizar a realidade contemporânea, é visto o oposto do que o autor prega, tendo em vista que a implementação de uma moda sustentável no Brasil ainda é um assunto pendente. Esse cenário antagônico é fruto tanto da ausência de atuação estatal, quanto do consumismo e desinformação à importância de uma moda sustentável. Desse modo, analisar intrinsecamente as causas dessa problemática na sociedade é medida que se faz imediata.
Precipuamente, é fulcral pontuar a falta de atuação dos setores governamentais no que concerne à criação de mecanismos que coíbam tais recorrências. Segundo o pensador Thomas Hobbes, é dever do Estado garantir o bem-estar da população, entretanto, isso não ocorre no Brasil. Devido à falta de atuação das autoridades, o Brasil ainda se encontra em uma situação em que a moda é um dos setores mais prejudiciais para o país, e isso se deve ao fato de não haver políticas públicas que cessem a poluição causada diariamente pela indústria têxtil. Dessa forma, faz-se mister a reformulação da postura estatal de forma urgente.
Ademais, é imperativo ressaltar o consumismo e a desinformação como promotores da problemática. Segundo Zygmunt Bauman, a liquidez da sociedade moderna se pauta no imediatismo. Conforme a perspectiva do sociólogo, a velocidade que caracteriza a cultura atual configura-se como um grave problema que atinge diversas áreas da ação humana. Tal imediatismo está presente na base da chamada "fast fashion", que consiste em tendências de moda rápida que promovem a desigualdade social, consequências graves ao meio ambiente e consumismo exacerbado. Isso gera, como consequência, a dificuldade de intervir em um problema como esse sem agir em sua base sociocultural. Assim, medidas exequíveis são necessárias para conter o avanço desse impasse na sociedade brasileira.
Dessarte, com o intuito de mitigar a moda prejudicial, necessita-se que o Tribunal de Contas da União faça o direcionamento de capital que, por intermédio do Tribunal de Justiça, seja revertido em projetos para conscientização dos produtores e compradores acerca da moda consciente, que não influencie no consumismo que gera a produção exagerada de peças de roupa, por meio de leis rígidas que visam assegurar uma moda sustentável e segura para o meio ambiente. Desse modo, atenuar-se-á em médio e longo prazo o impacto nocivo da moda insustentável e a coletividade alcançará a "Utopia" de More.