Segundo a filósofa Simone de Beauvoir: "O mais escandaloso dos escândalos é que nos habituamos a eles." Nesse viés, nota-se que a afirmação da pensadora se concretiza no Brasil, haja vista que a desigualdade no território brasileiro é banalizada pelo Estado e pela população, a qual já está habituada à situação de diferença social. Desse modo convém ressaltar que essa realidade ocorre não só pela negligência governamental, mas também pela formação do Brasil.
Sob esse viés, é importante destacar que a inércia estatal agrava essa situação de diferença social entre regiões, promovendo assim a fome, problemas sociais e psicológicos. Nesse sentido, o programa de televisão "Hoje em Dia" revelou que o maior PIB do país está localizado no Sudeste e no Sul. Dessa forma, sabe-se que ocorre um grande investimento por parte do governo nessas regiões, como nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, enquanto no território nordestino ocorre o mínimo de investimento, gerando desemprego, fome, falta de infraestrutura e outros problemas sociais. Sendo assim, torna-se urgente reverter essa situação para obter um país com igualdade e melhor qualidade de vida para todos.
Ademais, é de grande relevância compreender como a formação do Brasil contribuiu para a desigualdade territorial. Devido à chegada dos portugueses às terras brasileiras, os povos tradicionais que habitavam essa região foram obrigados a se adaptar ao estilo de vida europeu para garantir sua sobrevivência. Nesse contexto, a população foi distribuída pelo país de forma totalmente desorganizada, e os locais onde a burguesia se estabeleceu se tornaram o centro do país, o que ainda é evidente na atualidade. Assim, as ações do passado refletiram para no presente haver uma grande diferença territorial.
Portanto, faz-se necessário superar a desarmonia social e regional brasileira e impedir que a população viva em condições trágicas. Para isso, é responsabilidade do Estado, como provedor do bem-estar social, estabelecer um investimento igualitário em todas as regiões do país, auxiliando no desenvolvimento social, econômico e agrícola das áreas historicamente negligenciadas pelos agentes governamentais. Somente por meio dessa abordagem igualitária será possível alcançar uma sociedade mais justa e uma melhoria significativa na qualidade de vida de todos os cidadãos.