O filósofo Thomas More, em sua obra "Utopia", apresenta uma sociedade perfeita, a qual é caracterizada pela ausência de mazelas sociais. No entanto, ao se analisar a conjuntura brasileira, vê-se uma oposição ao texto sobredito, já que a intimidação sistemática compromete a harmonia coletiva nacional. Diante disso,faz- se necessário que o combate ao bullying no Brasil seja uma problemática a ser discutida,afinal, o empecilho é fomentado não só pela falha educacional mas também pela manipulação midiática.
De início, torna-se evidente que a omissão do sistema de ensino cristaliza o combate ao bullying no Brasil. Isso ocorre porque observa-se a deterioração do papel formador do jovem na escola, visto que a ingerência governamental prevê uma educação que limita a instrução social, de modo que a nação ainda não esteja preparada para lidar corretamente com a intimidação sofrida por pessoas que não seguem um padrão social estabelecido pela minoria, e muito menos, propor caminhos para combater essa realidade. Essa situação encontra forças no ensaio "Pedagogia do Oprimido", cunhado pelo pedagogo brasileiro Paulo Freire, o qual caracteriza o ambiente escolar como uma ferramenta de opressão que não habilita o sujeito para a convivência em sociedade, como nas situações em que indivíduos são oprimidos por outros pela existência de diferenças em seus traços, sejam eles físicos, intelectuais ou sociais.
Além disso, é inegável como a manipulação midiática alicerça os padrões tidos como "normais" na sociedade. Isso acontece porque os veículos de comunicação, pautados em uma perspectiva lucrativa, valorizam o engajamento de seus conteúdos, marginalizando, assim, a abordagem de situações que não evocam a atenção do público, tal como acontece com os problemas sociais sem visibilidade. Dessa maneira, a análise da conjuntura precária, que cerca a intimidação sistemática, é silenciada na midia por não ser um assunto atrativo e que envolva a maior parte do público-alvo desses veículos. Essa reflexão encontra forças na afirmação de Zigmunt Bauman, para quem "Na era da informação, a invisibilidade é equivalente à morte", já que a pouca visibilidade midiática direcionada para essa problemática leva à consequência do aumento nos casos de bullying, que pode acarretar o isolamento social e doenças psicológicas para a vítima pelo sentimento de não pertencimento a população.
É evidente, portanto, a necessidade de medidas que reforcem o combate ao bullying no Brasil. Por isso, o Ministério da Educação - órgão responsável pela definição das políticas educacionais - deve instruir as escolas, por meio do lançamento de projetos que priorizem o respeito a diversidade , a fim de que os indivíduos entendam que ninguém deve ser oprimido por ser diferente. Ademais, os meios de comunicação em massa, devem promover a relevância do combate ao bullying em nosso país,  por meio de vídeos e debates com especialistas na área. Isso com a finalidade de que as pessoas sejam informadas sobre o que a intimidação sistemática pode causar . Logo, amenizando a problemática teremos então uma sociedade menos distante da "utopia" de More