O sociólogo Zygmunt Bauman defende que as reações diante das crises são responsáveis por transformar o mundo. Todavia, não se verifica uma reação quanto a divulgação de imagens não autorizadas na internet. Nessa conjuntura, torna-se evidente a falta de evolução na mentalidade social e o silenciamento em relação ao assunto.

Observa-se, em primeira instância, que a divulgação de vídeos e fotos, em especial íntimos, são promovidas pelo legado histórico, estruturando um pensamento social patriarcal. Na Grécia Antiga, valorizava-se a perfeição feminina. Todavia, nos tempos contemporâneos, a exaltação aos padrões de beleza potencializam a objetificação das mulheres e, por conseguinte, tornam-se as principais vitimas da exposição digital. Os principais agentes dessa violência são os homens, que, por acreditarem serem superiores, julgam terem direitos sobre o corpo feminino.

À vista disso, percebe-se uma lacuna referente as abordagens em torno dessa temática. Djamila Ribeiro, ilustre feminista brasileira, reconhece a importância da visibilização de problemáticas, para que soluções sejam tomadas. Entretanto, verifica-se a carência de debates referentes a divulgação de imagens não consentidas na internet. Em função disso, a invisibilidade origina a desinformação e, dessa forma, é inviável a transformação da mentalidade social.

Torna-se evidente, portanto, que é imprescindível a mitigação da exposição indevida de imagens não autorizadas. Logo, cabe a família, importante influência na formação do pensamento social, educar as crianças sobre empatia, por meio de conversas e brincadeiras lúdicas, a fim de evitar a perpetuação do egoísmo digital na idade adulta. Essas reações são necessárias para a evolução do mundo, como explica Zygmunt Bauman.