A cantora e compositora Melanie Martinez retrata em uma de suas músicas, "Potato Head", a busca inalcançável por um padrão de beleza estético, sendo importante citar os versos "Me diga, é verdade que a dor é beleza?" e "Um rosto bonito fará isso melhor?". Infelizmente a canção não destoa da realidade brasileira, a qual vem recorrendo cada vez mais a procedimentos estéticos. Com a luta inalcançável pelos padrões de beleza impostos e reforçados pela idealização de imagens na mídia há uma comparação entre o que o indivíduo é e o que deveria ser, gerando, muitas vezes uma grande insatisfação consigo, podendo acarretar em diversos malefícios à sua saúde física e mental.

No livro a "Sociedade do espetáculo" do filósofo e sociólogo Guy Debord é explicitada sua teoria de que todas as pessoas vivem suas vidas como se fosse uma performance, visando sempre dar o melhor show umas para as outras e aparentar perfeição. A teoria se comprova correta quando comparada aos altíssimos padrões estéticos de nossa sociedade. Com o grande investimento da Internet em relação a esses ideias, e uma competição acertada entre os indivíduos agravada pela necessidade de aprovação social espera-se cada vez mais perfeição do exterior de cada um. As imposições se tornam cada vez maiores, os preços de procedimentos estéticos mais altos devido sua procura, as comparações aumentando, e tudo, no final, torna-se propositalmente inalcançável devido ao capitalismo que visa o consumo exacerbado do indivíduo com produtos e meios que prometem o deixar mais "atraente", resultando em uma grande decepção daqueles que buscam por isso.

Entretanto, os problemas além de se encontrarem nas causas da busca por padrões idealizados, também estão muito presentes nas consequências dessa. Alimentada pela comparação, a distorção de imagem leva a transtornos alimentares, causando malefícios a saúde física. Esta condição faz-se grave ao levar o indivíduo ao sobrepeso ou magreza extrema, consequências distintas da doença, porém ambas causam impactos fortes o suficiente para, em alguns casos, levar a óbito. Compulsão alimentar, anorexia e bulimia constituem os principais agravantes dentro desse cenário problemático. Além das doenças físicas, este cenário de comparação social com baixo incentivo ao autoconhecimento leva a falta de percepção do indivíduo sobre o que é sua escolha e o que é a imposição coletiva sobre ele. Ademais, há a baixa autoestima que protagoniza a consequência dos transtornos alimentares e a falta do conhecimento próprio do indivíduo.

Portanto, medidas são necessárias para resolver o impasse. A mídia deve efetuar campanhas de incentivo a autoaceitação e autoestima por meio das redes sociais que abrangem a maior parte da sociedade e possuem uma ampla visibilidade pelo público afim de impactar e conscientizá-lo. Espera-se dessa forma uma sociedade livre da busca inalcançável por padrões idealizados e de suas consequências.