Na obra ''Utopia'', do escritor inglês Thomas More, é retratada uma sociedade perfeita, na qual o corpo social padroniza-se pela ausência de conflitos e problemas. No entanto, o que se observa na realidade contemporânea é o oposto do que o autor prega, uma vez que no combate ao racismo estrutural no Brasil encontram-se barreiras, as quais dificultam a concretização dos planos de More. Esse cenário antagônico é fruto ora do legado histórico de escravidão que o Brasil carrega, ora da insuficiência legislativa. Diante disto, torna-se fundamental a discussão desses aspectos, a fim do pleno funcionamento da sociedade.
Em primeira análise, evidencia-se o legado histórico de escravidão que temos no nosso país como promotor do problema. Sob essa ótica, é essencial destacar que a escravização de indígenas e africanos pelos portugueses em busca da colonização, deixaram marcas na sociedade brasileira de tal modo que a discriminação racial tornou-se uma estrutura que influenciou a formação do Brasil, em sua economia, política e sociedade. Consequentemente, o combate a este cenário é retardado, pois o racismo enraizado no povo brasileiro contribui para a perpetuação desse quadro deletério.
Ademais, é notório que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as causas do problema. De acordo com o filósofo Aristóteles, a poética deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De mananeira análoga, é possivél perceber que, no Brasil, o racismo estrutural rompe essa harmonia; haja visto que, embora esteja previsto na Constituição Federal de 1988 o direito a segurança, conforme o levantamento feito pelo Anuario Brasileiro de Segurança, pessoas negras continuam sendo a maioria das vítmas de uma série de crimes violentos no Brasil. Consoante a isso, as leis que deveriam garantir esse direito e combater esta adversidade não estão sendo aplicadas e cumpridas corretamente.
Assim, medidas exequíveis são necessárias para conter o avanço da problemática na sociedade brasileira. Dessarte, com o intuito de combater o racismo estrutural, necessita-se, urgentemente, que o Ministério da Educação, através da modificação da Base Nacional Curricular, crie novas aulas, pautadas no desenvolvimento crítico dos alunos e na história do nosso país. Alem disso, as escolas poderiam disponibilizar materiais didáticos, como apostilas e e-books, a fim de aprimorar o aprendizado dos alunos quanto ao assunto. Dessa maneira, combatendo o racismo estrutural, a coletividade alcançara a utopia de Thomas More.