Durante a segunda metade do século XX, ocorreu, na África do Sul, uma política segregacionista, conhecida como Apartheid, onde pessoas negras não poderiam frequentar os mesmos locais que os brancos. No Brasil, apesar de não haver leis que busquem justificar ações racistas, é notável que indivíduos negros geralmente não ocupam os mesmos espaços que os brancos na sociedade. Nesse contexto, cabe analisar causas que corroboram para que o racismo estrutural no Brasil seja um mal a ser combatido.
Primeiramente, é preciso compreender como a falta de chances igualitárias para pessoas pretas no mercado de trabalho contribui com o racismo estrutural no Brasil. Isso ocorre, uma vez que devido uma falsa ideia de meritocracia pessoas brancas tendem a ocupar a maioria dos cargos gerenciais, enquanto negros são percebidos em cargos que majoritariamente estão na base da hierarquia. Reforçando a ideologia escravocrata de que negros deveriam ocupar um local de servidão, abaixo dos brancos. Tal ideia vai de acordo com dados do IBGE, que apontam que em 2021, mais de 50% dos trabalhadores eram pretos ou pardos e apenas 29% destes ocupavam cargos gerenciais.
Ademais, nota-se como a violência nas comunidades é um obstáculo para o combate ao racismo estrutural. Tal pois, visto que as pessoas que vivem nesses locais em sua maioria são negras e consequentemente, estão mais vulneráveis e passíveis a se tornarem vítimas da violência, seja por parte da sociedade ou violência policial. Além disso, devido as menores oportunidades que esse grupo possui, muitos tendem a sucumbir a vivência no crime, contribuindo com estereótipos comuns ao racismo estrutural. Essa vivência é relatada na música Sangue do Bairro dos Racionais MC’s, que conta a realidade das periferias, a violência e o racismo estrutural.
Diante do exposto, denota-se a urgência de ações governamentais que corroborem para o combate ao racismo estrutural. De forma que faz-se necessário que o Estado em conjunto com a iniciativa privada, contribuam ativamente para a formação de profissionais negros, investindo em bolsas ainda nas universidades, para que esses ocupem mais espaços de liderança no futuro. Além disso, é necessário que as punições por violência sejam mais severas quando provado que a motivação seja por racismo. Uma vez que como afirmou Djamila Ribeiro, enquanto houver racismo estrutural, não existirá justiça social.