Na Grécia Antiga, o sangue menstrual era ofertado à terra, demonstrando a profanidade deste para aquele povo. Hoje em dia, porém, a menstruação é vista por muitos como algo sujo e impuro, o que trás à tona tabus que há muito existem. A pobreza menstrual se dá quando há uma ausência de acesso a produtos de higiene relacionados ao período menstrual, e esse tópico tem sido pauta de diversas discussões no Brasil, especialmente quando se fala sobre os obstáculos que dificultam o combate desse problema de saúde pública. Logo, é de extrema importância que o Estado providencie leis que sanem essa precariedade, juntamente da quebra dos inúmeros tabus que pairam sob esse assunto.
De acordo com o Artigo 3º da Constituição Federal, é dever do Estado erradicar a pobreza e reduzir as marginalidades sociais. Dito isso, os dados são alarmantes: 1 em cada 10 meninas faltam aula durante o período menstrual. Em 2020, o conselho dos Direitos Humanos recomendou ao Presidente do Brasil da época a seguir os passos do governo escocês, que aprovou um projeto de lei que tornou a Escócia o primeiro país a oferecer absorventes gratuitamente. Sendo assim, é explícito que o governo deve urgentemente criar um projeto de lei que facilite a distribuição de absorventes para mulheres, diminuindo não só a evasão escolar, como também os riscos de infecção que o uso de objetos impróprios para a absorção do sangue podem causar.
Da mesma forma, a falta de diálogo e os tabus em torno da menstruação não deixam de ser motivos que dificultam a erradicação da pobreza menstrual. Embora pareça chocante, na Idade Média, mulheres evitavam sair de casa e era proibidas de praticar atividades básicas somente por estarem menstruadas. E, apesar de muito tempo ter se passado desde essa época, a associação da menstruação à algo poluído infelizmente continua crescendo. Por isso, campanhas que acabem com esse preconceito infundido e que ensine as crianças desde pequenas que esse assunto é completamente normal devem ser criadas, visando o fim da pobreza menstrual e o bem-estar geral de futuras gerações de mulheres.
Levando tudo em consideração, é fato que o papel do governo para acabar com a pobreza menstrual é inegavelmente importante, sendo ele o único capaz de prover e distribuir absorventes em larga escala para a população feminina. O diálogo com crianças e adolescentes também não devem ser deixados de lado, visto que a chave para gerações futuras são os jovens, que precisam saber que a menstruação é completamente normal. É difícil saber como algo deixou de ser sagrado e se tornou um tabu durante os anos, e por isso precisamos erradicar esse mal.