Na obra "Utopia", do escritor inglês Thomas More, é retratada uma sociedade perfeita, na qual o corpo social padroniza-se pela ausência de conflitos e problemas. No entanto, o que se observa na realidade atual é o oposto do que o autor prega, uma vez que os desafios do preconceito linguístico apresenta barreiras, as quais dificultam a concretização dos planos de More. Esse cenário antagônico é fruto tanto das constantes piadas sobre o modo de falar, quanto da adaptação dos indivíduos de outras regiões em instituições estudantis. Diante disso, torna-se fundamental a discussão desses aspectos, a fim do pleno funcionamento da sociedade.
Precipuamente, é fulcral pontuar que as chacotas direcionadas aos cidadãos com uma variação linguística deriva da baixa atuação dos setores governamentais, no que concerne à criação de mecanismos que coíbam tais recorrências. Segundo o pensador Thomas Hobbes, o estado é responsável pelo bem-estar da população, entretanto, isso não ocorre no Brasil. Devido à falta de atuação das autoridades, o humor desse nível causa um enorme desconforto e até trauma na pessoa que, por sua vez acha que está falando errado. Desse modo, faz-se mister a reformulação dessa postura estatal de forma urgente.
Ademais, é imperativo ressaltar a exclusão social presente nas escolas como promotor do problema. De acordo com matéria veiculada ao portal de notícias G1, aproximadamente 21% dos estudantes que vêm de outras cidades não conseguem se enturmar com os colegas. Partindo desse pressuposto, em muitas ocasiões esses alunos são alvos de críticas e correções do modo de falar, causando até vergonha e vistos como não evoluídos. Tudo isso retarda a resolução do empecilho, já que a não adaptação na rede de ensino contribui para a perpetuação desse quadro deletério.
Assim, medidas exequíveis são necessárias para conter o avanço da problemática na sociedade brasileira. Dessarte, com intuito de mitigar o preconceito linguístico, necessita-se, urgentemente, que o Tribunal de Contas da União direcione capital que, por intermédio do Ministério da Educação será revertido em um aumento na conscientização de jovens e adultos, através de palestras e rodas de conversas que mostra que a variação linguística por meio da cultura ou região não é necessariamente um jeito errado de falar. Desse modo, atenuar-se-á, em médio e longo prazo, o impacto nocivo do prejulgamento da língua, e a coletividade alcançará a Utopia de More.