O livro distópico "Laranja Mecânica " retrata tentativas desumanas e frustadas do governo em criar mecanismos de reeducação carcerária, utilizando a figura do preso como um maquinário. Para além da obra, observa-se que, na conjuntura brasileira contemporânea, o tratamento de milhares de indivíduos assolados pela falha reinserção dos ex-detentos é, amiudadamente, semelhante ao escrito na obra. Nesse viés, é crucial analizar as causas desse revés, dentre os quais se destacam a negligência governamental e a carecida estrutura prisional.

A princípio, é imperioso notar que a indeligência do estado potencializa essa barreira social. Esse contexto de inoperância das esferas exemplifica o ocorrido em 1992, Massacre do Carandiru, marcado pela invasão policial para conter uma rebelião entre facções, causando a morte de 111 presos na Casa de Detenção em São Paulo. Sob essa ótica, é evidenciado que o abandono prisional causa efeitos de risco à sociedade, logo, para uma completa refutação, faz-se imprescindível uma intervenção estatal.

Outrossim, é igualmente preciso apontar a carência na estrutura prisional como outro fator que contribui para a manutenção do problema. Prova disso recai sobre o livro "Presos que Menstruam" da jornalista Nana Queiroz, a não- ficção relata a pobreza de serviços, higiene e infraestrutura nos presídios. Diante de tal exposto, é fato que as condições do ambiente penitenciário sequela, a reincorporação do preso à engrenagem social. Assim, é inadmissível que este cenário continue a perdurar.

Portanto, são necessárias medidas capazes de mitigar os empecilhos voltado a reinserção dos ex-detentos verde-amarelo. Dessarte, a fim da inclusão participativa pós-prisional, é preciso que o Governo Federal ofereça estrutura educacional carcerária, por intermeio de iniciativas privadas, com cursos profissionalizantes, práticas esportivas e trabalhos artísticos. Espera-se assim que o sofrimento retratado delimitem-se apenas ao plano distópico.