[bylari]

O documentário ‘’O Silêncio dos Homens’’ retrata uma série de relatos acerca dos impasses à vivência masculina, os quais são estabelecidos a partir da esteriotipização desse papel social. De maneira análoga, tais aspectos obstaculizantes são notórios no que tange à realidade brasileira, pois a imposição nociva de padrões de conduta e de atitudes para a afirmação do homem no corpo civil implica a negligenciação de hábitos essenciais, sobretudo o cuidado com a saúde, em razão de preconceitos em prol de uma virilidade fragilizada. Nesse sentido, não apenas os estigmas enraizados entre os indivíduos, como também a insuficiente difusão das campanhas conscientizadoras corroboram para a perpetuação dessa problemática.
Diante desse cenário, cabe pontuar como a determinação de valores normatizadores da masculinidade prejudica o combate e a prevenção de patologias. Nessa lógica, segundo o conceito de ‘’Habitus’’, do sociólogo Pierre Bordieu, a constituição dos sujeitos é conduzida pela a incorporação de princípios comportamentais, morais e culturais presentes e conservados na conjuntura na qual esses estão inseridos. À vista disso, denota-se que o meio social alicerça a interiorização de arquétipos responsáveis por modular as formas de agir e de pensar, sendo a parcela do sexo masculino um alvo evidente desse fenômeno, porquanto as convenções que a cerceiam – como a obrigação de demonstrar a força física e a impassibilidade emocional – são seguidas dogmaticamente desde a infância e, com isso, as ações consideradas desnecessárias – por exemplo, a procura por orientação médica-curativa- são marginalizadas. Posto isto, ao colocar a saúde em último plano devido a esses ideais fundamentados em preconcepções obsoletas, a ocorrência de diagnósticos tardios e óbitos precoces se torna um entrave constante.
Ademais, vale ressaltar as adversidades decorrentes do ínfimo alcance das ações públicas direcionadas ao combate da despreocupação masculina com o bem-estar corpóreo e mental. Acerca disso, conforme a filósofa Djamila Rabelo, é fundamental retirar uma situação da invisibilidade para promover a sua resolução de modo amplo e eficaz. Sob esse viés, é perceptível a importância desse ato para ordenar os projetos estatais contra esse panorama - como o ‘’Novembro Azul’’ - , uma vez que a diminuta discussão e reflexão dessa questão nas instituições familiares e escolares fomenta o seu desconhecimento, pois a atividade informativa estabelecida constantemente nessas esferas seria essencial para auxiliar na assimilação concreta do seu intuito. Logo, a luta contra o câncer de próstata e pelo estímulo à consulta urológica progridem lentamente em função dos mecanismos de conscientização pontuais e pouco abrangentes.
Portanto, urge a tomada de medidas para atenuar esses danos. Destarte, o Ministério da Saúde deve expandir as campanhas de incentivo à saúde dos homens, por meio do investimento em divulgação no meio televisivo e digital – como o Facebook - , do direcionamento educacional via palestras semanais que integrem os pais e os alunos e da criação de núcleos de atendimento e orientação médica em áreas centrais e periféricas , a fim de desestruturar os estigmas associados ao autocuidado e de atuar produtivamente contra esse problema e, assim, evitar a ocorrência de histórias semelhantes às exibidas no documentário.

[Felipe082]

Redação excelente, @bylari! Parabéns!

Minha única ressalva é quanto à adição de novas informações em frases de fechamento iniciadas por conectivos conclusivos. Só existe valor conclusivo caso seja possível inferir algo a partir das premissas que foram apresentadas anteriormente. Caso contrário, origina-se uma inadequação coesiva, o que justifica uma redução da nota da C4.

[Mylike]

Redação impecável!