A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 1ª, discorre a respeito do princípio da dignidade humana, cujo é um dos pilares da carta Magna. No entanto, a violência de gênero configura-se uma barreira para a eficácia deste artigo pois não há dignidade humana, se os indivíduos - mulheres- vivem com medo constante da violência que podem sofrer a qualquer instante. Tendo isso em vista, medidas devem e estão sendo colocadas em prática, entretanto são medidas puramente paliativas por não levarem em conta a estrutura atual da misoginia e não serem fundamentadas em estudos profundos a respeito de tal fenômeno.

Sob essa análise, há a falta de estudo significativos relacionados à origem e configuração da questão de gênero. Concomitantemente, o estudo de civilizações como as gregas e romanas é rodeado de admiração, uma vez que são consideradas as percussoras da civilização moderna ocidental, responsabilizada pela criação da ciência, artes, democracia, mas não pelo modelo patriarcal assumido na sociedade atual. Nesse sentido, há o conhecimento da base estrutural da violência e questões de gênero, mas não há ações efetivas ,tendo em vista tal conhecimento, para romper tal base. Além disso, a análise de culturas matriarcais- como a de alguns povos africanos- e sua replicação poderiam ser uma medida extremamente eficaz para tal inconveniente, mas, infelizmente, isso não ocorre, perpetuando medidas paliativas .

Ademais, a estrutura atual da misoginia não é combatida por tais práticas superficiais. Tal ocorrência, deve-se a inserção do machismo desde cedo, ou seja, crianças, tanto meninos quanto meninas, são treinados para caber em seus determinados papéis de gênero, cujo o masculino é ser dominador e o feminino, ser dominado. Diante disso, a rapper Julia Costa afirma na música "Poetisas no Topo 3": " Homens são lobos, não andam sozinhos e se escondem atrás do outro", ou seja, eles não andam sozinhos pois buscam aprovação de outros homens a respeito de suas ações , sempre baseadas no seu papel de gênero, a sociedade patriarcal apoia e incentiva tais atitudes. Dessa forma, homens inseridos nessa configuração apenas se sentem homens se forem violentos, dominadores.

Portanto, em razão da questão de gênero ser tão intrínseca, a violência é apenas um sintoma superficial da podridão presente na base do país. Logo, é preciso medidas para modificar essa base, a principal é estimular a maior presença de mulheres em operadores poderosos da sociedade, como o Supremo Tribunal Federal e até mesmo o Senado. isso ocorrerá pela criação de cotas femininas na política e na universidade, uma vez que a base da sociedade é ditada por quem está no poder. Assim possibilitando a transformação social em questões de gêneros.