A Constituição Federal de 1988 - norma de maior hierarquia no sistema judiciário brasileiro - assegura o dever do Estado em garantir o direito e a valorização das manifestações culturais nacional. Contudo, a música - arte que permite ao indivíduo expressar suas emoções e histórias - está perdendo o seu valor, no Brasil, ao longo dos anos e influenciando, de maneira negativa, a população. Logo, percebe-se que não há o cumprimento da garantia constitucional e torna-se crucial analisar as causas desse revés, a saber, a falta de conhecimento da sociedade e a omissão estatal.
Diante desse cenário, o corpo civil da Terra de Santa Cruz é ignorante no que se tange à influência musical no comportamento humano. Sob essa perspectiva, a música brasileira contemporânea possui diversas influências manipuladoras nas letras de suas composições como: a romantização da infidelidade, apologia ao crime, naturalização da violência doméstica e gatilhos à sexualidade que, na maioria das vezes, leva os ouvientes a possuírem as mesmas atitudes após serem incentivados pela música, visto que, a música possui um papel importante no desenvolvimento da neuroplasticidade, ou seja, capacidade do sistema nervoso de modificar sua estrutura em decorrência dos padrões de experiência. Assim, fica exposto o impacto que a música possui para a "transformação" do comportamento humano e a forma, ignorante, que a população coopera para a manutenção da problemática.
Ademais, vale reconhecer que a omissão estatal é um grave empecilho. Consoante a isso, a propriedade privada visa o lucro das empresas e o Estado, de forma indireta, regula algumas ações sem intervir nas decisões empresariais. Neste contexto, é notório que esse fato interrompe o desenvolvimento do país pois o capitalismo impede que, de fato, o Governo garanta a educação, saúde, privacidade e segurança do corpo civil. Sob tal ótica, haja vista os casos que comprovam, na atualidade, a persistência de homicídios qualificados contra o cônjugue que praticou adultério, jovens trocando os estudos pelo crime e drogas e a mulher sendo tratada como objeto nas canções. Desse modo, sem a intervenção das autoridades nas obras explícitas, o homem nascerá livre, porém viverá agrelhado, conforme o filósofo Jean Rousseau afirmou.
Portanto uma intervenção faz-se necessária. Para isso, é preciso que o Ministério da Cultura, junto ao poder legislativo, crie leis para exigir uma observação dos conteúdos musicais antes de serem expostas para a sociedade, por meio de fiscalização "online", onde as pessoas possam denunciar obras clandestinas. À família, por sua vez, cabe orientar seus filhos sobre a importância da música para a formação de sua personalidade, e restringir os conteúdos que apareçam em suas casas. Dessa maneira, observada a ação da família e do poder público, alçará o país a verdadeira posição do Estado Democrático de Direito.