Na obra literária “Triste fim de Policarpo Quaresma”, do escritor pré-modernista Lima Barreto, Major Quaresma, protagonista do livro, acreditava que, com a superação de alguns obstáculos, o Brasil tornaria-se uma nação desenvolvida. Caso estivesse vivo na hodiernidade, o personagem, caracterizado pelo patriotismo, classificaria a problemática da não vacinação infantil como um empecilho para o desenvolvimento nacional, devido ao rompimento da cultura de imunização aos mais jovens. Nesse prisma, destacam-se dois aspectos importantes: a desinformação e a inércia governamental.
Em primeira análise, evidencia-se que o desconhecimento da população acerca da imunização contribui para que seu número tenha diminuído drasticamente nos últimos anos. No período da República Velha, a Revolta da Vacina foi um movimento de caráter popular contra a obrigatoriedade da vacinação, demonstrando que a desinformação, aliada ao não esclarecimento das medidas sanitárias, permitem que os imunizantes sejam vistos de uma maneira errônea. Dessa forma, é notório que a incompreensão da necessidade das vacinas infantis colabora para a retomada de doenças erradicadas.
Além disso, é importante destacar que o descaso estatal e a falta de rigidez em atitudes que agravam a situação do rompimento da cultura da vacinação ao público infantil. Segundo o filósofo contratualista Thomas Hobbes, o Estado é responsável pelo bem-estar populacional, no entanto, isso não ocorre de maneira efetiva no Brasil. Devido a falta de austeridade nas ações das figuras governamentais, a obtenção de ações que visem incentivar a imunização dos jovens é reduzida. Desse modo, é perceptível que a inoperância da União intensificou os empecilhos para a resolução dessa problemática.
Depreende-se, portanto, a adoção de medidas que visem intensificar a vacinação no território nacional. Dessa maneira, cabe ao Ministério da Saúde - órgão responsável pela
prevenção de enfermidades e melhora da qualidade de vida - promover, por meio de cartilhas virtuais, campanhas sobre a importância das vacinas infantis, a fim de que não ocorra a retomada de doenças erradicadas. Outrossim, urge que as mídias sociais, com suporte do Estado, informem sobre a necessidade de manter a carteira de vacinação em dias, com o acompanhamento das políticas de imunização.Somente assim, o Brasil se tornará desenvolvido, assim como esperado por Policarpo Quaresma.