Há muitos séculos, na Mesopotâmia, o código de Hamurabi era redigido. Esse primitivo código de lei tinha caráter puramente punitivo; havia um crime e um determinado castigo referente a este. É do código de Hamurabi, por exemplos, que advém expressões populares, como "Olho por olho, dente por dente". Analisar o código de Hamurabi pode nos levar a pensar que tal pensamento não persiste na atualidade brasileira, mas o atual sistema carcerário do Brasil nos mostra uma realidade diferente.

Podemos pensar como uma base para o sistema de prisões o ostracismo grego. Em sua prática, o ostracismo era o ato de se expulsar membros considerados perigosos para o resto da sociedade das cidades-estados gregas. Entretanto, diferente de outros tipos de banimento, o ostracismo não vigorava de modo permanente. Quando tempo suficiente se passava, ou quando os membros expulsos eram reconhecidos como capazes de serem reinseridos na sociedade, eles poderiam retornar para as cidades. Reinserção, portanto, torna-se a palavra que deveria diferenciar o sistema prisonal do modo punitivo do código de Hamurabi.

Entretanto, quando deparados com problemas como a superlotação de cadeias, as condições insalubres das cadeias brasileiras e alta taxa de de mortalidade entre detentos, é difícil ver o sistema prisonal como uma ferramenta de reinserção na sociedade. O detento não é visto como ser humano e sim como um criminoso e a cadeia é seu castigo. Olho por olho, dente por dente.

Repensar a prisão deve ser feito, portanto, através de uma ótica humana e objetivando na reinserção do detento na sociedade. O governo deve focar em ampliar o número de cadeias, resolvendo assim a superlotação, bem como garantir o acesso a uma saúde de qualidade aos detentos, sendo este um direito de todos. Atividades recreativas, como o esporte, também poderiam ser pensadas como forma de estimular práticas não-violentas entre os detentos, criando uma prisão que não apenas puna o crime, mas possa ajudar a impedi-lo de se repetir.