Na obra "Deus disse" de Manoel de Barros, o poeta sugere receber o "dom" de ser parte integrante da vida orgânica, observando a natureza não só com admiração como com pertencimento. No entanto, o que se observa na realidade contemporânea é o oposto do que o autor prega, tendo em vista as dificuldades enfrentadas à preservação do bioma Pantanal. Esse cenário antagônico é fruto tanto da ineficiência legislativa quanto do descaso social. Desse Modo, analisar as causas dessa problemática é o que se faz preciso a fim de buscar a sustentabilidade.
Precipuamente, é fulcral pontual a falta de eficiência dos setores governamentais. Segundo Manoel de Barros em "O livro das ignorãças", as coisas não querem mais ser vistas por pessoas razoáveis. Devido à precariedade de atuação governamental, o desmatamento e a prática não sustentável de atividades agropecuárias tem causado impactos significativos sobre o bioma, como a contaminação de recursos hídricos, grandes queimadas e a destruição de habitats naturais. De acordo com os dados divulgados pelo IBGE, mais de 26% do total do bioma está queimado, podendo ter como precursor a expansão agropecuária que muitas das vezes não cumpre com a lei ambiental. Dessa forma, faz-se necessário maior fiscalização e reformulação do posicionamento estatal de forma urgente.
Ademais, é fundamental apontar a população local como impulsionadora da problemática. Manoel de Barros, desenvolveu em uma de suas obras uma "Teologia do traste", cuja característica reside em dar valor a situações frequentemente esquecidas ou ignoradas. Seguindo a lógica barrosiana, faz-se mister valorizar também a importância do Pantanal para a manutenção de vida no Planeta, uma vez que se opõem a visão de que o local é sua fonte de sobrevivência e moradia. Consequentemente, devido à falta de conscientização ambiental da sociedade pelo meio ambiente, tendo em vista a ação humana como uma das principais causas, os impactos são prejuciais a nação.
Urge, portanto, que a atuação estatal e toda a sociedade cooperem para dar fim aos desafios enfrentados pelo bioma Pantanal. Para isso, é imprescindível que o Tribunal de Contas da União direcione capital que, por intermédio do Ministério do Meio Ambiente, será revertido em políticas públicas, escolas e comunidades que visem combater o desmatamento ilegal e adotar práticas sustentáveis para a sociedade, através da criação de áreas de proteção ambiental e normas mais rígidas para o uso da terra e da água, a fim de preservar a natureza e promover maior responsabilidade local. Assim, se consolidará um bioma preservado e uma nação semelhante à citação de Deus disse de Manoel de Barros.