"Se a sociedade não admitir o livre desenvolvimento da mulher, então ela deve ser remodelada", a citação pertencente a médica reformista Elizabeth Blackwell pode facilmente ser ligada a representação da inferioridade nas mulheres, causada pela romantização dos contos de fada. Essa representação de inferioridade feminina foi orquestrada pela sociedade para relegar as mulheres de sua liberdade, fazendo com que as mesmas fossem posicionadas no trabalho doméstico.

A partir dessa concepção, histórias como Cinderela, A Branca de Neve e A Bela Adormecida facilitaram a manipulação das mulheres ainda em tenra idade, para acreditar precisarem ser salvas por um príncipe encantado que lhes daria o seu "felizes para sempre". Contudo, essa influência sobre as mulheres resultou no descrédito da independência das mesmas, que passaram a ser vistas como o "sexo frágil", o qual dependeria de um homem para alcançar seus objetivos, e deveria se contentar em ser designada ao cuidado dos filhos e do lar. Essa perspectiva é também reafirmada em obras literárias, como Dom Casmurro, no qual Capitu é constantemente desacreditada, e até mesmo pelo discurso de outras mulheres.

Ademais, o processo para acabar com tal romantização, teve um significativo apoio dos filmes de contos de fadas modernos, como, por exemplo, Moana, Valente e Frozen, que apresentam princesas independentes salvando a si mesmas, e as pessoas ao seu redor sem precisar de um príncipe. Esse contraste com os antigos contos mostra uma semente da mudança que se alimentada, pode trazer vários frutos que colaborariam com o fim da imagem feminina inferiorizada.

Em suma, se faz necessário que o Ministério da Cultura — órgão responsável pelo planejamento e execução das políticas de cultura e artes- incentive por meio de palestras com profissionais qualificados, por meio de parcerias e oficinas principalmente nas escolas, que os autores infantis não romantizem a inferiorização feminina em suas obras. Além disso, a ANCINE, agência nacional do cinema, deve organizar sessões gratuitas com exibições de filmes que mostrem mulheres independentes, para extinguir com a romantização da inferioridade das mulheres nos contos de fadas e demais obras.