Na série americana "O Gambito da Rainha", é apresentada uma biografia de Elizabeth Harmon, uma jovem órfã prodígio do mundo do xadrez, vítima de rejeição de seu pai biológico e abandonada pela sua própria mãe, que comete suicídio. Assim como na obra cinematográfica, observa-se que, na conjuntura brasileira contemporânea, muitos jovens que foram vítimas do abandono afetivo enfrentam, sem a rede de apoio necessária durante seu crescimento, inúmeras consequências. Diante deste contexto, não há dúvidas de que o abandono afetivo é um desafio no Brasil o qual ocorre, infelizmente, devido a negligência na sociedade e a negligência governamental.


A “liquidez” da sociedade contribui para a negligência na sociedade.
Segundo o sociólogo Bauman, “as relações escorrem entre os dedos”. Diante desta frase, é possível observar-se que, com a vinda da tecnologia, as relações tornaram-se mais fáceis de serem “cortadas” não só virtualmente, mas também, na vida real tem-se enfraquecido essas relações, assim sendo, chamadas de “relações líquidas”. Portanto, com as relações cada vez mais enfraquecidas e afastando cada vez mais famílias, deixando de dar um desenvolvimento mais adequado aos filhos(as) e futuros pais da próxima geração, é necessária uma intervenção da sociedade.


Segundo a Constituição de 1988, “A saúde é direito de todos e dever do Estado…”. No entanto, essa lei não é concretizada, visto a escassez de projetos estatais que visem à assistência médica e rede de apoio para a melhora da saúde mental tanto dos pais como dos filhos. Dessa maneira, parte da população deixa de possuir um tratamento adequado, contribuindo para a falta de conhecimento, preparo para lidar com o abandono afetivo e a piora da saúde mental, já estando precária ao passar pelo abandono afetivo. Sendo assim, torna-se imprescindível uma ação do Estado para mudar essa realidade.


Portanto com o objetivo de minimizar as consequências e causas do abandono afetivo é dever da sociedade estar consciente de sua função social e de seus impactos à próxima geração, além de buscar ajuda caso seja necessário, deste modo mudando as atitudes e tomando decisões mais saudáveis. Também cabe ao Governo criar políticas e projetos estatais facilitando o acesso a tratamentos de saúde mental. Somente assim, será possível conviver em uma sociedade mais saudável e em um mundo melhor.