Adotada em 2015, a Agenda de 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), é um plano de ação Global que visa enfrentar os desafios sociais, econômicos e ambientais enfrentados pela sociedade. Apesar das aspirações nobres e dos compromissos assumidos, infelizmente, sua implementação plena e efetiva está enfrentando desafios, precipuamente quando observa-se a poluição e a escassez de água potável no Brasil. Decerto, nota-se a existência de um imbróglio de contornos específicos em conjuntura a esse descaso para uma sociedade em desenvolvimento, impulsionado tanto por um Estado ausente do seu ofício, quanto por um conjunto coparticipante por sua ignorância.
Sob esse viés, é necessário ressaltar a importância de uma esfera administrativa ativa na resolução de questões ambientais. Dessa forma, para o filósofo polonês Zygmmunt Bauman, uma instituição, quando posicionada para ignorar sua função original, é considerada em um estado de "zumbi". Sendo assim, o Brasil contemporâneo é análogo a esse conceito, visto que, no que tange à falta de saneamento básico ou a escassez de água consumível, ele é ausente. Isso posto, tal postura negligente contribui para que indivíduos em situação de vulnerabilidade não tenham o amparo necessário, colocando em risco prerrogativas substanciais de uma sociedade em desenvolvimento.
Outrossim, é válido destacar a ausência de engajamento social como fator que corrobora a fixação do imbróglio. Fica claro, pois, que a indiferença da comunidade diante da poluição de suas fontes naturais de água, silencia as possibilidades de sua resolução, comprometendo a estrutura de um conjunto mais estável e promissor. Diante a essa análise, é lícito referenciar o pensamento do professor israelense Yuval Harari, o qual, na obra "21 lições para o século XXI", afirma que grande parte dos indivíduos podem perceber os reais problemas do mundo, favorecendo a adoção de uma postura passiva e apática.
Em suma, cabe ao Estado — em sua função de promotor do bem-estar público — estabelecer um recurso hídrico de qualidade para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade. Essa narrativa pode ser realizada mediante ao projeto de limpeza de rios "Missão Águas Renovadas", promovido pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudanças do Clima. Além de trazer debates e palestras sobre a importância da água para o ecossistema às escolas de todos os 5.700 municípios brasileiros, assim poderá ser garantido o acesso de água potável para toda sociedade brasileira contemporânea.