Segundo Max Weber, expoente sociólogo alemão, “O trabalho dignifica o homem”, desde que seja realizado em condições salubres e respeite o ser humano que executa a função. Contudo, a atual conjuntura do Brasil revela uma realidade contrária aquela idealizada por Weber, uma vez que caminha em direção à precarização do trabalho e a desumanização do trabalhador em virtude dos interesses mercadológicos e da ausência de consciência de classe.
Em primeira instância, vale ressaltar que tal fenômeno já possui nome: “uberização do trabalho” e que, embora derive da empresa Uber, não se limita somente aos motoristas do aplicativo, sendo utilizado por muitos especialistas para designar um novo modelo de trabalho pautado em uma relação que, comumente, é tida como autônoma, mas que assemelha-se muito mais ao tradicional vínculo patrão-empregado. Nele, o trabalhador tem a falsa sensação de liberdade, haja vista a possibilidade de criar o seu próprio horário, em contra partida, não é ele quem define o valor a ser pago pela tarefa que executa, somada à máxima de que também não possui direitos garantidos. Nesse contexto, as empresas se veem livres para remunerar precariamente seus funcionários com a justificativa de que não estão sendo produtivos o suficiente e não prestar qualquer tipo de assistência em caso de, por exemplo, acidentes no serviço.
Ademais, a mentalidade social da população é um entrave no que tange a esse panorama. De acordo com Paulo Galo, ativista da luta contra a precarização do trabalho e a uberização, o trabalhador não se enxerga dentro da identidade de trabalhador desde que o trabalho deixou de ser sólido e passou a ser gasoso, isto é, desde que ele saiu das fábricas, o patrão tornou-se um algoritmo e o cooperativismo perdeu espaço para uma lógica de eterna competição disfarçada de empreendedorismo. Com isso em mente, muitos assumem uma postura de alienação porque sabem que não possuem mais o poder de “parar a esteira”, já que não são os únicos desesperados para sobreviver. Normalizando a cultura de exploração.
Urge, pois, que providências sejam tomadas com o intuito de coibir o problema discorrido. Ao Governo Federal, caberia destinar verbas a órgãos fiscalizadores, a fim de garantir os direitos básicos de um emprego de qualidade. Já ao Ministério do Trabalho e Previdência, em conjunto com os veículos midiáticos, competiria alertar a população acerca dos tipos de abusos que podem ser sofridos no ambiente de trabalho, por meio de campanhas publicitárias.