O estigma relacionado ao vírus HIV é uma das causas do fracasso das políticas públicas relacionadas às Infecções Sexualmente Transmissíveis no Brasil. O HIV nos dias de hoje é uma doença crônica, tratada com remédios muito eficazes e distribuídos gratuitamente pelo governo brasileiro, porém o preconceito vivenciado nos anos 80, quando a doença ainda era desconhecida, prevalece enraizado na cultura brasileira. É necessário identificar as causas desse revés.
O vírus HIV foi associado desde sua descoberta aos grupos mais vulneráveis; homossexuais, transsexuais e prostitutas. Estes conceitos muitas vezes disseminados pela mídia e médicos à época por falta de informação, prevalecem nos dias atuais. O preconceito segundo o eminente médico Drauzio Varella, autoridade na causa desde a descoberta do vírus, distancia de políticas públicas os grupos mais vulneráveis ao vírus.
Para o médico Ricardo Vasconcelos, pesquisador brasileiro do HIV, o maior obstáculo encontrado pelos portadores do vírus para ter uma vida digna não está mais relacionado à doença em si, mas ao preconceito, que muitas vezes prejudica até o acesso ao mercado de trabalho. Todo assunto relacionado ao sexo, no Brasil, é tabú, e isso prejudica a adesão de campanhas de conscientização. O Estado, por considerar este como um problema das minorias marginalizadas, não dá a devida atenção, fazendo com que o problema persista, sem esperança de solução futura.
Portanto, faz-se necessária uma maior atuação estatal; efetivando campanhas publicitárias, palestras, eventos, campanhas e implantação do conteúdo informativo nas disciplinas de educação sexual nos últimos anos do ensino médio. Cabe também às demais esferas de governo como Ministério Público e Legislativo, a fiscalização e suporte frente à resistência enfrentada nas escolas, tornando possível a implantação do conteúdo programático. Desta forma o preconceito será desentranhado e com ele, o estigma, fazendo com que o Brasil torne a ser referência em políticas públicas relacionadas ao combate do HIV.