Segundo o filósofo sul-coreano Byung-chul Han, em "Sociedade do cansaço", o século XXI é dominado por uma hipervalorização do desempenho, no qual a individualidade é extrema em detrimento do altruísmo. Nesse panorama, o indivíduo, imerso em si mesmo, não consegue enxergar e aceitar a necessidade do debate sobre saúde pública no Brasil. Para isso é mister desnudar os papéis sociais do estado do sistema educacional no tocante a essa realidade brasileira.
Primordialmente, é necessário destacar a forma como parte do Estado costuma lidar com a saúde pública no Brasil. Isso porque, como afirmou Gilberto Dimenstein, em sua obra "cidadão de papel", a legislação brasileira é ineficaz, visto que, embora aparente ser completa na teoria, muitas vezes, não se concretiza na prática. Prova disso é a escassez de políticas públicas satisfatórias voltadas para aplicação do artigo 6° da "Constituição Cidadã", que garante, entre tantos direitos, a saúde. Isso é perceptível seja pela pequena campanha de conscientização acerca da importância da saúde pública, seja pelo pouco investimento destinado aos hospitais públicos. Assim, infere-se que nem o princípio jurídico foi capaz de garantir a saúde pública.
Denunciasse, outrossim, que o agravamento do impasse poderia ser evitado, se o sistema educacional brasileiro abordasse com eficácia o assunto. Afinal o debate sobre a saúde pública brasileira, quando acontece é superficial, uma vez que o currículo escolar organiza os saberes para que sejam utilizados em vestibulares; não como vivência social e coletiva. Dessa forma os cidadãos brasileiros até reconhecem a importância e necessidade do debate sobre a saúde pública para a sociedade, porém não sabem como lidar com a situação. Assim confirma-se o que cantou o rapper brasileiro Gabriel, o Pensador: "Não adianta olhar para o céu com muita fé e pouca luta"-isso pois a situação não será resolvida apenas com boa vontade.
Portanto, são essenciais medidas operantes para um debate mais eficaz sobre a saúde pública brasileira. Para isso o Governo Federal, por meio dos Ministérios da Saúde e da Educação, deve oferecer palestras e seminários nas escolas e em espaços públicos para uma maior campanha de conscientização. Causando assim, um importante impacto na construção da consciência coletiva.