Na obra "Utopia", do escritor inglês Thomas More, é retratada uma sociedade perfeita, na qual o corpo social padroniza-se pela ausência de conflitos e problemas. No entanto, o que se observa na realidade contemporânea é o oposto do que o autor prega, uma vez que o lazer no cotidiano brasileiro apresenta barreiras, as quais dificultam a concretização dos planos de More. Esse cenário antagônico é fruto tanto do alto nível de insatisfação com o tempo livre que tem para gastar com lazer pelo excesso de trabalho, quanto ao desigual acesso à cultura e entretenimento. Diante disso, torna-se fundamental a discussão desses aspectos, a fim do pleno funcionamento da sociedade.
Precipuamente, é fulcral pontuar que a falta do equilíbrio entre o trabalho e lazer deriva da baixa atuação dos setores governamentais, no que concerne à criação de mecanismos que coibam tais recorrências. Segundo o pensador
Thomas Hobbes, o estado é responsável por garantir o bem-estar-da população, entretanto, isso não ocorre no Brasil. Devido à falta de atuação das autoridades, o elevado número de brasileiros com pouco tempo livre, como resultado, gera esgotamento, ansiedade, estresse, depressão e afetam a saúde mental da sociedade. Desse modo, faz-se mister a reformulação dessa postura estatal de forma urgente.
Ademais, é imperativo ressaltar a falta de acesso à cultura e entretenimento como promotor do problema. De acordo com Barão de Itararé “os homens nascem iguais, mas no dia seguinte já são diferentes”. Partindo desse pressuposto, nos bairros de baixa renda, os jovens reclamam da falta de praças esportivas e até mesmo de não haver asfalto nas ruas. Tudo isso, retarda a resolução do empecilho, já que a omissão da diversão, responsabilidade do ministério público, contribui para a perpetuação desse quadro deletério.
Assim, medidas exequíveis são necessárias para conter o avanço da problemática na sociedade brasileira. Dessarte, com o intuito de mitigar o desequilíbrio entre trabalho e lazer, necessita-se, urgentemente, que o Tribunal de Contas da União direcione capital que, por intermédio do Governo Federal, órgão responsável pelas políticas públicas, será revertido em promover medidas preventivas, através de campanhas públicas e projetos, para evitar o adoecimento da população no Brasil, aumentar o acesso às pessoas, visando a saúde mental da sociedade. Desse modo, atenuar-se-á, em médio e longo prazo, o impacto nocivo da falta de lazer público, e a coletividade alcancará a Utopia de More.