Na obra “Ensaio sobre a cegueira”, do escritor português José Saramago descreve uma cidade fictícia na qual, paulatinamente, as pessoas vão ficando cegas. Na trama, o autor usa dessa alegoria para criticar a falta de altruísmo e cooperação no mundo contemporâneo em que os indivíduos se preocupam cada vez menos com o bem-estar coletivo. Ao sair da esfera ficcional, observa-se semelhança em relação à persistência da violência doméstica no Brasil. Diante disso, deve-se pontuar como causas: a hierarquia de gêneros ainda implantada na sociedade e a falta de punição por parte do estado.
Em primeira análise, é impetuoso ressaltar como o pensamento patriarcal das raízes históricas interferem indiretamente na violência doméstica. Nessa perspectiva, vale lembrar que, na Grécia Antiga, a sociedade vivia sob regime patriarcal, no qual prevaleciam relações de poder e domínio dos homens sobre as mulheres. Desse modo, é notório os fragmentos desse desenvolvimento histórico na sociedade contemporânea, em que o indivíduo, geralmente do gênero masculino, se considera superior ao gênero oposto.
Ademais, é válido destacar a ausência de impunidade por parte do Estado como um fator que corrobora a violência doméstica no Brasil. Confirme afirmou o jornalista e político Carlos Lacerda “A impunidade gera a audácia dos maus”, no qual reforça o pensamento que a violência anda de mãos dadas com a
impunidade; enquanto não houver medidas severas o problema perdurará. Além disso, segundo o Jornal de São Paulo, 93% das cidades do Brasil não têm delegacia de atendimento à mulher, dificultando ainda mais o cumprimento da legislação de segurança a todos.
Portanto, para que por fim haja paz nos ambientes domésticos, é premente que as autoridades tomem medidas rigorosas para o combate à violência domiciliar. Destarte, cabe ao Estado por meio de campanhas governamentais implantar novas sedes de delegacia da mulher pelas cidades, para facilitar denúncias, com o auxílio também de ONG 's com a finalidade de apoiar mulheres que se encontram em situação de violência doméstica. Espera-se com isso um Brasil que fixe os limites do tolerável em busca da sua ascensão.