A Revolta Farroupilha iniciou-se em 20 de setembro de 1835 e encerrou-se em 1845, com o Tratado de Ponche Verde. Porém, a historiografia oficial pouco nos fala que os que lutaram na revolta, na maioria, eram escravos negros, chamados também de Lanceiros Negros ou Porongos. E a grande questão é; por que se fala tão pouco deles?
No dia 20 de setembro, os gaúchos comemoram o dia da “Revolução Farroupilha”, no entanto, a maioria não tem noção de como foi essa guerra civil de 10 anos. Em 1836 a elite gaúcha percebeu que não havia homens o bastante para ficar frente a frente com as tropas imperiais. Por isso, começaram a cooptar negros escravizados de outros latifundiários, com a promessa de liberdade, quando a revolta chegasse ao fim. Os escravos, sem nada a perder, aceitaram, mas foram enganados.
Massacre dos Porongos foi o nome dado a chacina de soldados negros no Rio Grande do Sul. Apesar da grande utilidade, os Porongos acabaram se tornando um “problema” para a elite gaúcha, pois os imperiais os queriam, e sendo assim, os escravos não pertenceriam mais aos latifundiários, mas sim ao império.
Na madrugada de 14 de novembro de 1844 mais de cem lanceiros negros foram assassinados pelas tropas imperiais, e os que não escaparam foram enviados à corte, onde continuaram sendo escravos.
Há muitas versões sobre o que teria facilitado o Massacre dos Porongos. Porém, tudo indica que o massacre tenha sido resultado da traição de David Canabarro. A versão contra Canabarro conta que ele planejou tudo e desarmou os Porongos.
Infelizmente, essa tragédia histórica é tão silenciada, e pode-se perceber isso através do Memorial Lanceiros Negros em Porongos, erguido apenas em 2004, 160 anos após o ocorrido. E até hoje em dia, muitos nunca ouviram falar sobre o Massacre dos Porongos, porque toda essa parte da história é omitida.
Ficaria feio mostrar que os heróis talvez não tenham sido tão heroicos, não é mesmo? E pode-se dizer que o racismo, hoje em dia, tem muito a ver com o passado, e também com a forma de discriminar o outro devido à sua etnia ou raça, mentalidade passada de geração em geração. Mas felizmente o movimento negro tem crescido, e aos poucos as coisas estão mudando.