Manoel de Barros, grande poeta pós-modernista, desenvolveu ao longo de suas obras obras a “Teologia do Traste”, que consiste em dar valor à situações frequentemente negligênciadas pela sociedade. Seguindo a lógica barrosiana, faz-se preciso discutir sobre a desvalorização da Semana da Arte Moderna no Brasil (1922), que apresenta papel importante à história do país, porém, sua divulgação conta com falta de incentivo escolar e negligência midiática.
Em primeira análise, é pertinente evidenciar os efeitos da defasagem de atividades multidisciplinares nas escolas como fator para perpetuação de tal situação. Afinal, mesmo que se configure como vitrine para a música, literatura e artes plásticas, a Semana de 22 é um fato histórico, e acima de tudo um marco cultural. Para a escritora sueca Selma Lagerlof “Cultura é aquilo que fica depois de se esquecer tudo aquilo que foi aprendido”. Desta forma, é um ato imoral que desde a base do ensino as crianças não tenham conhecimentos sobre os fatos que moldam a brasilidade hodierna.
Nesse viés, deve-se apontar o descaso midiático com estas manifestações artísticas como grave crime à história nacional. Assim como defendia a ativista francesa Simone de Beauvoir em “Mais escandalosa que a existência de uma problemática é o fato de a sociedade se habituar a ela”, é escandaloso que na comunidade globalizada na qual os brasileiros estão inseridos, haja tamanha escassez em originalidade nacional, mesmo após a luta dos modernista em mudar o padrão estético. Ademais, atualmente, o que mais é divulgado nas mídias são manifestações estrangeiras, principalmente no que diz respeito à música e à moda. Assim, tristemente, de forma gradativa a nação verde e amarela perderá sua cor.
Por fim, a fim de mitigar as problemáticas referentes à desvalorização da Semana da Arte Moderna de 1922, cabe ao Ministério da Educação, por meio de exposições nas escolas e capacitação dos professores sobre a data, a consolidação dos saberes artísticos e históricos das crianças e dos jovens brasileiros, para que estes dêem o devido valor a identidade nacional, conheçam a história do seu povo e perpetuem estes saberes à futura geração, Além do mais, ao entender a arte, se entende a história, e ao entender a história, se entende a vida.