O romance filosófico “Utopia” – idealizado pelo escritor inglês Thomas Morus – retrata uma sociedade perfeita, na qual a engrenagem social é extremamente segura e desprovida de conflitos. De forma análoga, na atual sociedade brasileira, é evidente uma realidade distante da apresentada na obra, principalmente, devido à desvalorização de seus povos e comunidades tradicionais. Nesse sentido, não só o silenciamento temático, como também a desvalorização cultural, mostram-se como desafios para o reconhecimento do real valor dessas populações.
Primeiramente, ressalta-se que há, no Brasil, uma forte invisibilidade da temática. Nessa lógica, é válido aludir ao conceito de “Silenciamento dos Discursos”, formulado por Karl Marx, o qual afirma que a sociedade opera com o intuito de ocultar seus próprios problemas. Dessa forma, por meio da trivialização dos debates temáticos, tornando-se perfeita aos seus próprios olhos. Transcendendo o raciocínio filosófico, no presente contexto brasileiro, faz-se evidente uma forte normatização do esquecimento dessas populações. Como resultado, infelizmente, estão sendo formadas comunidades tradicionais que enfrentam diversos desafios na busca pela sua valorização.
Segundamente, é lícito aludir ao processo de desvalorização cultural que tais comunidades têm enfrentado ao longo dos anos. Nessa ótica, com a ocorrência do fenômeno da globalização, a questão da homogeneização cultural foi um fator que ocasionou a desvalorização da cultura de diversas sociedades do mundo. Seguindo essa lógica, esse mesmo evento provocou uma supervalorização da cultura internacional em detrimento dos povos tradicionais e de suas culturas. Desse modo, formam-se sociedades tradicionais que são, culturalmente, esquecidas e invisibilizadas, enfrentando, assim, mais um grande desafio na busca pela valorização.
Infere-se, portanto, a invisibilidade temática e a desvalorização cultural, como desafios à valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil. Por esse motivo, faz-se imperiosa uma ação da mídia – principal agente difusor da informação e formador da opinião pública - que deve promover campanhas de difusão da cultura dessas populações, usando das redes sociais, assim como de materiais impressos, como um meio de garantir a mitigação desses desafios. Dessa forma, ter-se-á uma sociedade cada vez mais próxima de atingir a “Utopia” de Thomas Morus.